A 92.a cerimônia do Oscar, ocorrida no dia 9 de fevereiro, chamou a atenção de todos pelo seu resultado inusitado. Pela primeira vez na história da premiação, uma produção estrangeira ganhou a estatueta de “Melhor Filme”, deixando de queixo caído os fiéis telespectadores já acostumados com a preferência nacional dos membros da Academia. De fato, o filme “Parasita”, dirigido por Bong Joon-ho, é mais uma prova da crescente influência econômica, tecnológica e cultural da Coreia do Sul no mundo.
Ao ouvirem a palavra Coreia, muitos já a associam a regimes autoritários, carne de pombo e mísseis de última geração, e o primeiro erro surge ao resumir dois países completamente diferentes a uma coisa só. A Coreia a que nos referimos no momento é aquela responsável pelo surgimento dos famosos grupos de “K-pop”, de máscaras faciais inusitadas e animes.
Em 1953, com o fim da Guerra da Coreia, a parte sul se tornou um dos países mais pobres do mundo, com um produto interno bruto (PIB) inferior ao de alguns países africanos. Uma série de medidas socioeconômicas, priorizando a educação e a industrialização, somadas a empréstimos estadunidenses e japoneses, possibilitou, em pouco tempo, que a Coreia do Sul se tornasse a 11a economia mundial.
Além de seus “smartphones” poderosos, outros produtos que crescem cada vez mais no mercado global são as maquiagens. Repletas de ingredientes incomuns e embalagens inovadoras, os produtos de beleza ganharam popularidade nas redes sociais e ocupam a lista de desejos de milhares de jovens. Adolescentes são atraídos para essa tendência na intenção de se parecerem mais com seus ídolos, também coreanos.
Um dos principais motivos de o país asiático chamar a atenção de milhões de pessoas são as bandas de pop coreano, o “K-pop”. A produção desse conteúdo é levada a sério, podendo ser facilmente encontradas escolas de formação de “idols”, jovens personalidades da mídia, e empresas responsáveis por pautar toda a vida do famoso, como a de um boneco.
Em todo esse contexto, “Parasita” é mais um objeto de destaque de toda essa cultura em ascensão. Vencedor de mais de 30 prêmios, entre eles 4 Oscars. Uma realização dessas prova como a cultura coreana está conseguindo se inserir não só no mercado, mas também no entretenimento do mundo ocidental. Ter um longa-metragem desses vencendo dezenas de prêmios com concorrentes majoritariamente ocidentais mostra que até mesmo os votantes da Academia mais antigos e nacionalistas se encantaram com essa obra inusitada.
No fim, a classificação de “melhor filme” é muito subjetiva e nem todos precisam aceitá-la. Além do mais, “Parasita” merece destaque por conseguir espaço em meio a um ambiente restrito e por vezes ufanista e não porque certas pessoas decidiram dar a ele este título, uma vez que o significado por trás da vitória é muito maior do que o prêmio em si. Assim, é possível ver a nítida difusão da cultura sul coreana enriquecendo mais ainda nosso cotidiano. Estaria a Coreia do sul virando um novo pólo irradiador de cultura global?