Desigualdades Sociais

Desigualdades Sociais 

Direitos Humanos Por João Victor Souza, em 13/04/2020

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Favela de Paraisópolis/SP. Fonte: El País

No contexto atual, projeções futuras alarmantes e casos crescentes justificam o medo da população geral diante do novo coronavírus. Essa nova pandemia assusta não por sua letalidade, mas pelo alto grau de infecciosidade, o que, no contexto atual, assusta pois vivemos, cada vez mais, em conglomerados urbanos. Todavia, muitos negam a possibilidade de disseminação da doença no Brasil e ainda desconsideram um agravante ao comparar o nosso país com os europeus mais afetados: a infraestrutura em todos os sentidos. 

Ao comparar a densidade demográfica, um fator decisivo para a disseminação do vírus, do Brasil ( 24,66 por km2) com a da Itália ( 206 por km2), o epicentro da pandemia no mundo, a diferença é gritante. Esses dados distantes criam a falsa ilusão de que o vírus encontraria enormes dificuldades de se disseminar em terras brasileiras. Entretanto, o vasto território brasileiro dilui esse cálculo, que desconsidera que aproximadamente 85% da população vive em menos de 1% do território, formando municípios mais densos que qualquer cidade italiana. Além disso, uma peculiaridade decisiva agrava esse possível cenário. As favelas brasileiras se comparam a pouquíssimos locais no mundo quando se trata de densidade demográfica. A Rocinha/RJ por exemplo apresenta 39.000 habitantes por Km² e Paraisópolis/SP (imagem acima) supera essa marca com assustadores 45.000 habitantes por Km²*. Esses locais, assolados pelo descaso do poder público em relação a infraestrutura básica, são o cenário perfeito para a disseminação em massa dessa nova pandemia em proporções ainda maiores do que as já vistas. Felizmente, organizações como a Central Única das Favelas (Cufa) estão se mobilizando para conter o possível avanço da doença nas favelas brasileiras. 

A organização citada listou uma série de recomendações para reduzir os impactos da pandemia nos territórios das favelas. Entre elas, estão a distribuição gratuita de água, sabão, álcool 70% em gel e água sanitária em quantidade suficiente para cada morador das favelas brasileiras, além do aluguel de pousadas ou hotéis para idosos e grupos vulneráveis com estrutura para repouso, visando proteger aqueles que não possuem possibilidade de isolamento, por exemplo. Essas medidas, por mais simples que pareçam, podem ser essenciais para passar por mais essa situação.

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