Uma Crítica ao Sistema Educacional Atual

Uma Crítica ao Sistema Educacional Atual

Reflexões Por Mateus Alonso em 10/07/2020

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https://www.youtube.com/watch?v=AQQx5YSUKeg

Bom, não é novidade para ninguém que o modelo de ensino apresentado hoje, tanto em escolas públicas, quanto em escolas particulares, é ultrapassado, desmotivador, inútil (em grande parte) e descondizente com a realidade. Além disso, ele é marcado fortemente pelo desprotagonismo do aluno, provendo, assim, um desfavor a sociedade, formando profissionais em decorar matérias selecionadas e vomitá-las durante o momento de uma prova ou vestibular. Com isso, no final, os alunos não absorveram nem a metade de todo o conteúdo apresentado e ainda apresentam déficits em conteúdos básicos como matemática elementar, interpretação de texto e escrita. Como se isso não bastasse, o aluno que não conseguiu se sair bem em decorar matérias sai da escola com o pensamento de que não é capaz ou bom o suficiente, pois sempre tirou notas baixas. E, o que a realidade mostra é que isso não é verdade, pois existem vários exemplos de pessoas que não se dão bem com os conteúdos ensinados na escola, mas se colocam de forma extraordinária no mercado de trabalho.

Para entender de onde veio todas essas características, é preciso observar a origem desse sistema parecido com o que a gente conhece hoje, que é aquele que tem um professor, um quadro e vários alunos sentados ordenadamente em silêncio, podendo fazer uma pergunta e participar da aula apenas ao levantar a mão, mostrando autoridade absoluta do professor em sala. 

Esse modelo surge durante a Revolução Industrial, em torno de 1750, com o intuito de dar uma formação mínima às pessoas para que elas possam se tornar bons operários das fábricas. Realmente, no momento em que isso aconteceu, é difícil condenar o sistema, mas, ainda hoje, muito pouco disso foi mudado e é ridículo pensar que, mesmo em uma sociedade tão diferente, tecnológica e avançada em termos de relações sociais, o sistema permanece tão igual, com a sala, o professor, as carteiras e o desprotagonismo do aluno de forma quase que idêntica. 

Um ponto que as pessoas ignoram é que, como apresentado no último parágrafo, a escola tende a ensinar o aluno a ser um “bom operário”, ou seja, apresenta-lhe apenas um lado, o lado do empregado, e nunca do empregador. E, no Brasil, o jovem é pouquíssimo estimulado a ser um bom empregador, mostrando-lhe, por meio da cultura, uma ideia de que o empresário é a representação da corrupção, soberba e tudo de ruim da sociedade. Com isso, a escola acaba não enfatizando a sua real importância na economia e o jovem não se sente estimulado a empreender.

 Além de tudo isso, percebo que, na escola, as diferenças individuais não são levadas em conta e os diferentes talentos são menosprezados, premiando apenas um tipo de inteligência. Isso se dá, por exemplo, ao exigir que um aluno com TDA (Transtorno de Déficit de Atenção) ou Hiperatividade mantenha seu desempenho igual ao de alunos comuns, expondo-lhe às mesmas formas de testes de conhecimento e mesmas dinâmicas de aprendizado. Fora isso, a ciência já explica que existem pelo menos 7 tipos de inteligência, e ,por exemplo, um aluno que não se dá bem em matemática, mas se dá super bem em entender música e tocar instrumentos não é valorizado como deveria, pois seu tipo de inteligência(Inteligência Musical) não é explorado no ambiente escolar.

Matemática financeira, Psicologia, Tributação, Direito, Oratória, trabalho em grupo, Ciências políticas e Empreendedorismo são matérias e conteúdo que, ao meu ver, são essenciais para se ter no colégio. Entretanto, o que se vê na realidade é as pessoas tendo que aprender isso sozinhas ao se depararem com a crescente necessidade de tudo isso na vida e no mercado de trabalho, pegando um caminho muito mais difícil que poderia ser evitado. 

Uma vez, ao indagar um professor de química que explicava como se nomeavam cadeias carbônicas ramificadas, obtive a seguinte resposta:

– É, realmente, você não vai encontrar um 1,1,3-trimetil-ciclopentano andando por aí, ou um chefe no seu trabalho pedindo que nomeie uma cadeia, mas, com certeza, você precisará saber como dá o nome disso para fazer o vestibular.

Aí eu pensei: Oras, se eu não vou achar isso por aí ou nunca vou sair nomeando cadeias carbônicas para ganhar meu dinheiro, eu preciso realmente aprender isso? Não é melhor deixar esses conteúdos tão específicos para aqueles que desejam seguir esse ramo para a vida? 

Após o pensamento, percebi que isso continuaria sendo só um pensamento, pois lembrei que, no modelo educacional atual, o aluno não é agente da mudança, não tem voz, nem tem poder de decisão, ficando sujeito apenas ao que lhe é ofertado, sem o poder de uma mísera escolha ou decisão de o que irá aprender. No momento, percebi ,ainda, que todos estavam apenas sedentos em “engolir” a matéria para poder regurgitá-la no momento propício, e isso prova o quanto que a escola representa uma afronta ao pensamento próprio do aluno, pois o acostuma a não questionar o que faz e a aceitar o que lhe é imposto. 

Querendo ou não, tudo isso deixa o indivíduo sujeito à alienação, algo totalmente maléfico para a sociedade, deixando-a à mercê de grandes ideologias e de líderes totalitaristas. Para evitar isso ao máximo, é imprescindível que o ambiente escolar seja inovador e aberto para as diversas discussões, pois, o aluno, ao discutir, aprende a argumentar e a lidar com frustrações, coisas que são impossíveis de escapar em uma vida adulta. 

Um ponto que eu sinto que precisa ser levantado e discutido nas escolas é: Por que não utilizar o celular em sala?

O celular e a internet, hoje, combinadas, são uma ferramenta poderosíssima, que permite que o jovem encontre diversas informações em diversas fontes, provendo, assim, um ambiente riquíssimo para o protagonismo do aluno, que encontra nesse local uma forma de aprender sozinho o que antes necessitava do professor para aprender. É óbvio que existem diversas distrações com essa ferramenta, mas, já pensou em sua total capacidade se aliada com um professor que será capaz de promover e discutir fatos encontrados na rede? Seria possível montar diversas dinâmicas para um melhor aprendizado do aluno, mas o sistema atual de ensino condena totalmente as novas tecnologias e cimenta, pouco a pouco, a capacidade autodidata do aluno. 

Sendo assim, acredito que existe muito o que se discutir acerca do sistema de ensino atual, mas o que eu tenho certeza é que ele precisa de muitas mudanças para que se torne o adequado e que a mudança precisa vir das novas gerações, que, como as atuais, precisam ser estimuladas a pensar por si e não ficar presas a modelos centenários como o da Educação no Brasil e no mundo.

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