Lella Lombardi: a única mulher a pontuar na Fórmula 1
Reportagem por Valentina Venâncio em 26 de agosto de 2022
Publicado por Luisa Soares Brescianini
A mais popular modalidade de automobilismo do mundo é chamada de Fórmula 1. E, para variar, todos os seus corredores são homens. Atualmente, as mulheres têm ocupado espaço nas equipes, como CEO, como estrategistas, mas não como competidoras. O próprio presidente e CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali não acredita em ver pilotas no grid do Mundial num futuro próximo. A última mulher a fazer um GP no mundial foi a Lella Lombardi, e também foi a única a pontuar na categoria. Com o passar dos anos, as mulheres vêm ganhando cada vez mais espaço na cena do automobilismo, tendo uma categoria criada exclusivamente para elas, a W Series. Mesmo com os avanços e conquistas, apenas Lella conseguiu pontuar na Fórmula 1. Pouco se fala dela, e pouco se fala da pequena ou inexistente presença da mulher nessa modalidade.
Maria Grazia Lombardi, mais conhecida como Lella Lombardi, nasceu em 26 de março do ano de 1941, em Frugarolo, na Itália. Quando criança, ela gostava de ajudar seu pai a fazer entregas de carnes na van dele. Sempre que havia uma entrega a ser feita, ela pulava para o banco do motorista e seu pai cronometrava o tempo do seu pulo. Lella dirigia muito bem e, a cada entrega, estabelecia um novo recorde. As pessoas que moravam em sua cidade, já estavam acostumadas a ver a van dos Lombardi em alta velocidade, fazendo entregas para todos os lugares. Ao completar dezoito anos, Lella usou suas economias para comprar um carro de corrida usado, e decidiu começar a competir profissionalmente. Ela ganhou o Campeonato de Fórmula 850 e deixou seus pais muito felizes, mas nada surpresos.
Ela era a única mulher na disputa, mas não se importava com isso. Seu único desejo era se tornar uma competidora de Fórmula 1, por isso ela dirigia o mais rápido possível. Sua primeira tentativa de se tornar competidora de Fórmula 1, foi um desastre, ela nem conseguiu se qualificar. Entretanto, no ano seguinte, ela já tinha um bom empresário, um patrocinador e um ótimo carro, que era branco, com uma bandeira italiana na frente. Em 1975, durante o Grande Prêmio da Espanha, ela finalizou a corrida na sexta posição e se tornou a primeira pilota a marcar pontos em uma corrida de Fórmula 1. Três mulheres participaram de treinos oficiais na Fórmula 1 além de Lella Lombardi, porém nenhuma delas conseguiu se classificar, e consequentemente, não pontuaram.
Apesar de todo o sucesso, sua equipe, que na época era a Williams, decidiu contratar um piloto e, foi neste momento que Maria Grazia percebeu que a Fórmula 1 ainda não estava pronta para encarar mulheres na direção, assim como muitas pessoas ainda não estão. Ela continuou correndo durante toda a vida e, infelizmente, faleceu por decorrência de um câncer de mamas, no dia 3 de março de 1992, aos 50 anos. Antes de falecer, ela chegou a dizer preferir correr a se apaixonar, e pontuou que já estava apaixonada por correr e, para ela, nada mais importava. Depois de sua partida, o legado de Lella passou a ser exaltado com mais firmeza. Em sua cidade natal, Frugarolo, foi feito um busto em sua homenagem, enfim recebendo o reconhecimento pela sua obstinação e paixão pela velocidade.