Brasília comemora seu 63º aniversário

Reportagem por Cecília Araújo Carlos em 21 de abril de 2023.


Publicado por Maitê Folha Desseaux

Nesta sexta-feira, 21/04, Brasília comemora 63 anos de história repletos de inovações e emoções. Capital do país e sede dos Três Poderes, a cidade foi um empreendimento inovador que desafiou a tradição colonial e mudou a história do Brasil para sempre. Única ao seu próprio jeito, ela ainda pulsa o mesmo otimismo que a fez se levantar no passado.  

Paisagem de Brasília ao anoitecer, composta pela Catedral e outros prédios no eixo monumental.
Catedral de Brasília ao anoitecer. Fonte: www.cnnbrasil.com.br
   Das sugestões aos primeiros passos…

Apesar de ter se concretizado apenas no século XX, a ideia de transferir a capital do litoral para o centro do país já foi discutida algumas vezes ao longo da história brasileira. Segundo a historiografia, as primeiras sugestões acerca da ideia já eram mencionadas em meados do século XVIII pelo famoso Marquês de Pombal e o cartógrafo italiano, Francesco Tosi Colombina. Tal transferência já estava prevista na Constituição Federal de 1891, inclusive o próprio território do Distrito Federal já havia sido escolhido e estudado. Contudo, foi apenas em 1956 que as ideias saíram do papel e se tornaram realidade, com o início da construção da cidade, inaugurada posteriormente no dia 21 de abril de 1960, ainda inacabada. 

Juscelino Kubitschek de Oliveira, presidente da República de 1956 a 1961, foi o grande pivô dessa mudança. Incluída em seu Plano de Metas proposto ao longo de sua campanha eleitoral, a aprovação do projeto foi difícil, contando com inúmeros opositores como o político Carlos Lacerda. Apesar das críticas e dúvidas, o presidente não desistiu de sua promessa. Kubitschek alegava que tal transferência era necessária principalmente para o incentivo da interiorização do país, como também tornaria a capital menos vulnerável em caso de guerra. Além disso, a pressão popular sob o governo seria menor. 

O projeto para a nova capital foi escolhido através de um concurso público. O Plano Piloto, de autoria do arquiteto Lúcio Costa, foi o vencedor. Assim, ficou decidido que a estrutura de “cruz”, posteriormente adaptada para um modelo de avião, seria a cara da nova capital. Na parte de arquitetura da cidade, Juscelino pediu pessoalmente a Oscar Niemeyer que se encarregasse.

Um dos maiores nomes do urbanismo do século XX, o arquiteto trouxe arte para uma estrutura pensada para ser essencialmente funcional. Niemeyer idealizou diversos monumentos antes de se centrar em Brasília, como o conjunto da Pampulha em Belo Horizonte, a Sede das Nações Unidas em Nova York, o Memorial da América Latina em São Paulo, a Sede do Partido Comunista Francês em Paris, entre tantos outros. Grande discípulo da estética modernista de Le Corbusier, urbanista influente do século XX, o arquiteto se focou em formas claras, leves e livres. Foi responsável pela projeção de grande parte dos edifícios governamentais como o Catetinho, o Palácio da Alvorada e a Praça dos Três Poderes, mas também de estruturas não estatais tais quais o Teatro Nacional e a Catedral de Brasília. Ele teve grande influência da arquitetura soviética em suas obras, inclusive em seus próprios projetos em Brasília, por seus ideais políticos, sendo ele mesmo membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB).   

A construção

A construção da tão sonhada capital foi uma das maiores obras do Brasil no século XX. Cerca de 45 bilhões de reais foram gastos com todo o projeto que durou 4 anos. Ela também atraiu mais de 60 mil operários vindos de todas as regiões do país. A esses trabalhadores, o nome de “candangos” foi atribuído. Essa população que migrou para o Distrito Federal na década de 50/60 foi essencial para o povoamento da cidade, sendo muitos dos brasilienses atualmente descendentes desses grupos.  

Apesar do sonho inovador, que prometia uma cidade do futuro extremamente funcional, o projeto trouxe consigo alguns problemas. Faltando 6 meses para o fim das obras, a Companhia da Nova Capital (Novacap), criada especialmente para a construção da capital, não tinha mais recursos e não conseguiu empréstimos junto ao FMI. Assim, sem ver saída para a situação, JK vendeu títulos da dívida pública e emitiu moeda. Tal decisão acarretou em um aumento da inflação e, consequentemente, um aumento do custo de vida. A oposição que já não concordava com o projeto, ficou ainda mais insatisfeita e revoltada. 

Outro lado pouco conhecido da história de Brasília é a horrível situação em que os candangos estavam imersos. Falta de estrutura, saneamento básico precário, turnos dobrados principalmente no final das obras e acidentes por falta de equipamentos adequados eram acontecimentos frequentes na vida desses trabalhadores. Estima-se que cerca de 3 mil operários morreram por negligência do Estado durante a construção. 

Finalmente, a cidade é inaugurada com grandes festividades no dia 21 de abril de 1960, ainda inacabada pela falta de recursos e regularização de certas áreas.

Inauguração de Brasília, mostrando o Congresso Nacional, Palácio da Alvorada e o Supremo Tribunal Federal.
Praça dos 3 poderes na década de 60. Fonte: https://jornal.usp.br
Brasília, um novo horizonte

Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas e um passado repleto de erros, Brasília se ergueu do nada com as mãos de diversos brasileiros de todos os cantos. No fundo, a cidade é um produto genuinamente brasileiro, com a integração de diversas culturas nacionais e diferenças. Além da arquitetura inovadora e futurista, a natureza exorbitante do cerrado, o céu limpo e azul com direito a pores de sol inacreditáveis, Brasília exala uma brasilidade única ao seu jeito.

Ademais, a capital e o DF, em um processo de expansão, tornam-se a cada dia que passa um novo polo comercial, econômico e artístico no cenário brasileiro atual. Brasília é uma cidade que pulsa vida e inovação e merece comemorar seu aniversário! Como dizia o ex-vocalista da banda Legião Urbana, que marcou gerações no país; “Meu Deus, mas que cidade linda!”

O que fazer na capital nesta data? 

Uma série de shows e eventos gratuitos para todos os gostos e idades serão oferecidos ao público a partir de sexta-feira (21/04). O governo do DF espera receber cerca de 20 mil pessoas por dia durante a programação. Grande parte dos shows estarão concentrados em palco montado na praça Torre de TV. A lista de atrações conta com nomes como as duplas sertanejas Enzo & Rafael e Maiara & Maraisa, o grupo de samba Fundo do Quintal e a ex-Calypso, Joelma, entre outras atrações. 

Além de shows, o Espaço Cultural Renato Russo (ECRR) oferecerá, dos dias 16 ao 23,  atrações artísticas com exibições de filmes, concertos sinfônicos, atividades infantis e uma homenagem ao jornalista, escritor e figura importante da arte brasiliense, TT Catalão. 

Para mais informações sobre as festividades do 63º aniversário de Brasília, acesse: https://agenciabrasilia.df.gov.br

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