A adesão de jovens nas decisões eleitorais

A adesão de jovens nas decisões eleitorais

Artigo de opinião / Por Maria Eduarda Pereira em 29 de abril de 2022

Surgiu recentemente, nas redes sociais, um movimento, em grande parte promovido por influenciadores, que pretendia alertar a população mais jovem, entre 16 e 20 anos, a respeito do título eleitoral, já que neste ano de 2022 ocorrem as eleições presidencialistas e parlamentaristas no Brasil.  O que realmente espantou muita gente foi que, faltando tanto pouco tempo para as eleições, o número de jovens em condições eleitorais regularizadas vinha sendo o menor em 20 anos.

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“Meme referente à votação” (Reprodução da imagem= @imagineedesenhe)

Esse dado grotesco provocou uma grande discussão a respeito do assunto, pois, sendo tão ativos em diversos assuntos nas mídias sociais, não era de se esperar que essa parte da população se abstivesse de um assunto tão importante que define, direta e indiretamente, o futuro de seu país. Dessa forma, vale-se discutir a respeito dos motivos para tal feito, em que atuam e o porquê de sua ação

Em primeiro plano, deve-se analisar o desinteresse na política provocado, primordialmente, pelo senso comum. É enraizado, desde muito cedo, na cabeça dos jovens, que a política e os políticos, em geral, não são confiáveis, ou seja, aqueles donos da tomada de decisões, são, na verdade, os inimigos. Essa maneira de pensamento cria, nos futuros eleitores, uma desconfiança ao votar.

É claro que em um país que desde de a colonização vêm sofrendo com tantos escândalos de corrupção, é quase impossível que não se mantenha um pé atrás no que diz respeito à confiança eleitoral. Entretanto, diferentemente do que se pensa, o trabalho do eleitor não se baseia exclusivamente em votar de quatro em quatro anos. O eleitor deve pesquisar, monitorar e cobrar daqueles que regem seu território, pois só assim o sistema funciona.

A falta de incentivo, em outro paradigma, é mais uma barreira a ser enfrentada nas decisões eleitorais. Com o crescimento das redes sociais, o papel da mídia tradicional, desempenhado pela televisão e pelo rádio, foi, em parte, substituído pelos chamados “influenciadores digitais”. Assim, estes se tornaram os mais ouvidos pelas pessoas, em especial, os jovens. Eles são, portanto, aqueles que têm o poder de informar e alertar a respeito de assuntos importantes. Entretanto, por ser mais difícil de monitorar, infelizmente não se pode confiar inteiramente no que é dito pela internet. 

Constata-se, dessa forma, um outro fenômeno das redes sociais, que vem afastando o público das eleições: as fakes news. Este tipo de informação, que tem como objetivo atrofiar o desenvolvimento e contribuir com o caos, leva o público a acreditar em eventos irreais e não comprovados, nada mais que uma distração. O “gabinete do ódio”, por exemplo, que é essencialmente uma milícia digital, vem sendo responsável por diversas fake news, além de ataques a opositores de suas ideologias. Esse tipo de comportamento afasta um público ainda frágil em assuntos políticos, já que, sendo tão imaturos na idade, os jovens não costumam procurar por coisas tão odiosas, em um mundo já colérico. 

“O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo”, mencionou Saramago. De fato, o voto não tem qualquer efeito visível sem sua constante atuação. O voto só tem efeito com o monitoramento, com a observação e, principalmente, com a ação. Ele é, neste mundo contemporâneo, a maior representação de esperança. Quer o povo queira, ou não, o voto é tudo que se tem. Vale ressaltar que ele é, de fato, uma escolha individual, suas consequências, entretanto, são coletivas. Assim, apesar da desinformação, desconfiança, caos e desinteresse, ele é necessário. 

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