Publicado por Beatriz Pinheiro Martins
Em tempos de ira, ódio e agressividade, às vezes, é necessário falar de amor. Hoje em dia, falar sobre o amor é revolucionário, e não pensamos apenas no amor matrimonial, mas sim naquele fraternal, representado pelo respeito, carinho e tolerância. É preciso legitimar esse sentimento, não como uma trivialidade excludente, mas sim como o motor de nossas relações interpessoais.
O poema da canção “Principia”, de Emicida, me ajuda a entender a potência da palavra amor. Declamado ao final da primeira música do premiado álbum “AMARELO”, a interpretação de Henrique Vieira representa um grito engasgado no coração humano. Como uma oração, a obra se inicia apresentando a improbabilidade de nossas vidas, afirmando que o acaso e o duvidoso não devem ser temidos, mas sim, agraciados pelo amor, uma vez que a simplicidade aparente desse sentimento esconde o segredo que cria o elo do carinho e da emancipação humana. Emicida me ensinou que semear o amor é mais do que um lirismo utópico sentimentalista. Significa, na verdade, entender a nossa espiritualidade individual.
Em meio às angústias cotidianas, é preciso abrir espaço para o nosso bem-estar. Aqueles momentos de felicidade genuína representados pelas crises de riso inesperadas, conversas banais com amigos e o sentimento de dever cumprido são pequenos exemplos da melhor sensação que podemos sentir: o amor. Partindo do poema de Paulo Leminski, “amor é o elo entre o azul e o amarelo”, Emicida mostra a necessidade de nos conectarmos para construirmos algo verdadeiramente positivo.