Um Sonho de Liberdade
Artigo de Opinião por Athos Schneider de Almeida Triana
Publicado por Felipe Nunes Coelho
Ser livre é um direito de todos. Em tempo de discórdia, as pessoas padecem de dor e sofrimento de variadas formas. A mais visível é o preconceito, mesmo que disfarçado. A propósito disso, quero falar de liberdade e o que é ser livre. Então eu pergunto: o que é ser livre? Ser livre é um privilégio que, na verdade, poucas pessoas têm. Todos falamos em querer ser livres alguma vez nas nossas vidas, mas liberdade é algo muito relativo. Para algumas pessoas ser livre pode ser simplesmente não pagar imposto ou ser multimilionário e poder comprar o que quiser. Para mim, liberdade é algo que pode parecer simples, mas é objeto de uma luta que muitas pessoas – eu, inclusive – vêm lutando. Fazer parte desta luta deveria ser um objetivo de todos, porém, a maior porção da sociedade prefere se omitir. Pois é de racismo que eu quero falar; racismo não combina com liberdade.
Liberdade… que palavra incrível, não? Enquanto o branco privilegiado fica deitado no sofá, reclamando de seus problemas, a cada 23 minutos, de acordo com a ONU, um jovem negro morre. Segundo o IBGE, em 75% dos homicídios no Brasil, a vítima é negra. Em proporção, negros têm 2,7% mais chances de serem vítimas de assassinatos do que brancos. Eu sou negro e, por sorte, ainda estou vivo.
Infelizmente, o mundo tem vivenciado várias situações de racismo. Milhares de pessoas ainda continuam com atitudes e falas racistas. Faço esse manifesto dirigido para pessoas hipócritas e de mentes fechadas, racistas e que acham que uma pessoa deve ser tratada diferente por causa da sua cor, sexo, orientação sexual ou religião.
Ninguém nasce racista, isso é algo que se aprende. Juntos podemos evoluir e crescer para mudar o mundo. Essa evolução é uma luta de todos, pois todos temos uma voz. Então, não fique calado, porque quando você não diz nada, além de apoiar o racismo de uma forma sutil, você é um acessório para a violência. Juntos podemos trazer de volta a esperança, mas não as pessoas que estão morrendo. Preto ou branco, não importa, então vamos todos nos unir e, sim, ficar irritados com as pessoas que acreditam que o racismo faz sentido em um país construído com base no trabalho escravo.
Muitas pessoas não sabem exatamente o que é ser livre. Eu gostaria de saber como é a sensação de sair de casa sem ter medo de ser morto. Eu gostaria que os “diferentes” de cor pudessem entrar numa loja e não serem perseguidos pelos funcionários do estabelecimento achando que vão roubar alguma coisa. Eu gostaria que ninguém fosse encarado e tratado diferente por conta da cor, porque eu sei que um branco e um negro sangram igual, um líquido espesso avermelhado. Então por que eu, um negro, tenho que ser tratado diferente por causa da minha cor?
Lembro que, quando eu era criança, brincava com meus amigos brancos no jardim de infância e não víamos a cor; até cheguei a chamá-los de irmãos. Então, nós crescemos e nos ensinaram que deveríamos odiar um ao outro, embora não quiséssemos nos separar, pois diante da nossa amizade éramos “daltônicos”. A cor nunca foi um problema em nossa amizade, sendo assim, só tenho a lhes agradecer.
Esse texto é para além da tolerância, é para o respeito aos negros. Sonho de Liberdade não é direcionado estritamente para os brasileiros, mas para o mundo todo refletir. Você pode até não ver o racismo, mas ele não deixa de existir.
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