Artigo de opinião por Bianca Miranda Soares em 28 de novembro de 2022
Publicado por Ana Letícia
A frequência acaba tornando as coisas banais e é exatamente isso que ocorre com a moda. Por termos contato constante com ela, a maioria dos indivíduos se esquece que as roupas são produtos culturais e por vezes artísticos de uma determinada sociedade, e que seus significados são muito amplos e subjetivos do que se pode ser inferido com um olhar superficial. Segundo o historiador João Braga, as vestimentas podem não falar, no entanto, conseguem comunicar ideias e funcionam como uma poderosa linguagem não verbal, que pode expressar não só inclinações estéticas, como também pautas sociais e opiniões políticas. Nesse sentido, cabe entender que o modo que nos vestimos e como consumimos a moda não é uma simples questão plástica.
Para entender o papel político e social da moda podemos citar os movimentos de contracultura, como o punk e o hippie. Primeiramente, vale destacar que eles não se resumem simplesmente a uma estética, e sim a um conjunto de ideias e valores que, comumente, são expressos pela forma com que os adeptos do movimento se vestem. Por exemplo, a cultura punk, por meio de sua aparência transgressora com elementos fetichistas, militares e roupas não práticas, propunha uma reviravolta no sistema conservador e falso moralista, a fim de divulgar suas ideias niilistas e escancarar a crise social vivida naquele momento. A comunidade hippie fez a mesma coisa em seu próprio contexto, ao usar vestimentas confortáveis de tecidos naturais e coloridos, mostrava a utopia que acreditava ser possível.
Além de símbolos visuais, as roupas carregam muitas implicações relacionadas à maneira que foram produzidas. Nessa perspectiva, é possível citar as grandes redes de fast fashion (moda rápida, em tradução livre), que por produzirem muito, com uma rapidez extraordinária e baixos preços, acabam tendo efeitos negativos como poluição do meio ambiente, utilização de mão de obra análoga à escrava e plágio de pequenos designers. Seria muito simplista dizer que todas as pessoas que compram desse tipo de marca são antiéticas e compactuam com todas as atrocidades citadas, já que ao afirmar isso, é ignorado que inúmeros indivíduos só encontram roupas acessíveis a seu tamanho e condições financeiras em companhias como essa, desse modo, a grande problemática dessa situação está nas pessoas, que mesmo tendo meios e outras escolhas, deliberadamente compram nessas empresas.
Tendo isso em vista, é impossível negar que a política e pautas sociais influenciam a moda, e vice e versa, e que nós, como consumidores desse tipo de produto, devemos nos atentar ao que e como consumimos esse mercado, a fim de utilizarmos de maneira correta a potente linguagem não verbal da moda.
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