Artigo de opinião

cota não é esmola

Cota não é esmola

Artigo de opinião por Maria Eduarda em 28 de novembro de 2022.


Publicado por Cecilia Valadares.

“Cota não é esmola” é uma obra presente na matriz de referência do PAS – UnB. A letra relata a realidade difícil que pessoas pretas e pobres são submetidas no Brasil, como foram esquecidas no passado e são marginalizadas no presente. A música de Bia Ferreira diz respeito às injustiças históricas que negros sofreram no Brasil, e como, até hoje, elas perpetuam na nossa sociedade. Nesse contexto de injustiça, com o objetivo de diminuir as desigualdades existentes, foi sancionada, em 2012, a Lei de Cotas. Sendo o papel do Estado garantir direitos aos cidadãos, a partir de políticas públicas de ação afirmativa, as cotas são medidas necessárias para tal ponto. Assim, devemos discutir a respeito dos empecilhos que dificultam a aceitação das cotas e o motivo para isso acontecer. 

Em primeira análise, deve-se entender que o papel das cotas não é prejudicar alguém, é garantir àqueles menos favorecidos uma chance de fazer parte do mundo desigual. A partir da fala aristotélica “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade”, percebe-se o papel reconciliador das cotas na sociedade contemporânea. Há quem diga, entretanto, que cota é esmola; essas pessoas, garanto, são alheias ao mundo em que vivem, e estão presos na utopia que criaram em seus subconscientes. Além disso, devem ser fiéis ao mito da meritocracia, ao fecharem os olhos às injustiças que acontecem diariamente. 

Imagem do “sistema de cotas” (Reprodução: Politize!)

Segundo a Agência Brasil, por mais que o número de negros venha crescendo nas universidades, o acesso continua desigual, ou seja, mesmo que o número de pretos, pardos e indígenas seja maior que o de brancos na composição da população, nas faculdades essa proporção não se repete. Isso não se deve, logicamente, pela falta de querer das pessoas e sim, pela falta de oportunidade. É inegável que algumas pessoas têm acesso a mais coisas que outras, desse modo, não deve se esperar que quem tem menos vá conseguir, na mesma facilidade, chegar ao mesmo nível de quem tem mais. 

As cotas raciais são o pagamento de uma dívida pela escravidão, não só isso, são a garantia de um futuro mais justo para a sociedade. As cotas de renda, igualmente importantes, são uma medida de equidade, seguindo o pressuposto aristotélico. É possível negar as cotas e ser contra a justiça social quando não se entende o porquê de sua aplicação, mas a partir do entendimento da realidade que nos rodeia, é de extrema ignorância ser alheio ao mundo.

Segundo Carl Sagan, “não é possível convencer um fanático de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar”. Desse modo, por mais argumentos, dados e pesquisas que eu apresente, não é possível alertar a um insciente a respeito de sua mediocridade. Poderia produzir a mais longa série e o mais extenso artigo, mas nem o ídolo de um fã é capaz de tirá-lo da caverna utópica quando essa está estabelecida em seus pensamentos.

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Maria Eduarda Pereira de Sa

Oiee. Eu sou a Maria Eduarda, tenho 16 anos e sou jornalista da Folha. Adoro ler e escrever, e acho, na verdade, que esses são os principais motivos do meu interesse no jornal. Espero que tenhamos um ótimo ano nesse projeto.

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