A alarmante despreocupação em relação aos avanços tecnológicos: o precursor de um futuro caótico?

Ciência & Tecnologia por Beatriz Gonçalves em 22 de maio de 2023


Publicado por João Otávio Marquez e Silva

Representação de uma pessoa feita com aspecto cibernético.
Avanços tecnológicos: inteligência artificial (fonte: olhar digital)

No dia 30 de abril de 2023, o ChatBot, denominado como ChatGPT, foi banido na Itália por violar leis de segurança do país. Fato que trouxe à tona debates acerca da evolução da tecnologia e desenvolvimentos no âmbito da inteligência artificial bem como uma certa desconfiança social em relação ao tema. Nesse sentido, uma carta aberta, pedindo a suspensão por no mínimo seis meses de pesquisa e de treinamentos de inteligências artificiais, foi assinada por Steve Wozniak (cofundador da Apple) e Elon Musk (CEO da Tesla).

A partir de sua vivência e de seus estudos, o físico Albert Einstein, durante sua vida, pôde perceber a criação de novas invenções, por exemplo, a criação do forno microondas e da energia nuclear. Dessa maneira, ao observar tais invenções, o cientista refletiu acerca da evolução tecnológica e de seus malefícios. Assim, o pensamento atribuído ao físico, “tornou-se aterradoramente claro que a nossa tecnologia ultrapassou nossa humanidade”, revela que a preocupação com relação a evoluções tecnológicas deveria existir no mínimo há 100 anos, ou a partir de quando foi criada e utilizada, por humanos, contra a própria humanidade. Como a tecnologia proveniente de estudos de Einstein, a qual aponta que há energia escondida em átomos, tecnologia que, por sua vez, foi utilizada de maneira nociva a humanidade para criar bombas atômicas, dado o ocorrido durante a segunda guerra mundial, em que bombas foram lançadas pelo Estados Unidos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki.

A violência provocada pela tecnologia da bomba atômica pode ser percebida na arte, já que as marcas de violência podem ser visíveis para além das áreas do conhecimento, por isso, carece, apenas, da sensibilidade para sua interpretação, como pode ser constatado na composição marcante de Vinicius de Moraes, por exemplo, no fragmento,  “Pensem nas crianças mudas, telepáticas. Mas, não se esqueçam da rosa de hiroshima, a rosa estúpida, sem cor, sem perfume” . Como o compositor cita na música, antes de falar de evolução tecnológica, não podemos nos esquecer da extrema ambição empregada no passado, nem de cada vida ceifada, nem de cada órfão advindo da má utilização tecnológica.

Nesse paradoxo temporal, digno da trilogia “back to the future”, avançado alguns anos e inovações, chegamos em 2023, ano em que o CEO da Tesla afirma, no documentário chamado “você confia no seu computador?”, que a adoção da inteligência artificial é a convocação do diabo, entretanto, defende a criação de naves espaciais para colonizar outros planetas, quando os robôs se sobreporem à humanidade. Falas contraditórias, pois advêm do mesmo indivíduo, dono da SpaceX, uma empresa de foguetes milionários. 

Nesse cenário contemporâneo e atual de divergências de opiniões acerca da tecnologia, podemos analisar a seguinte frase do professor Leandro Karnal, “A tecnologia é neutra, como o poder de utilizar um martelo para matar, ou pregar um prego”, a frase designa, quiçá, um futuro positivo, que se contrapõe a utopia de Musk. Um futuro quase análogo a linha de pensamento estoico, a qual acredita que o que tiver que acontecer irá acontecer, só temos  a capacidade de controlar nossa ação diante disso. Tal  ponto de vista exprime a ambiguidade tecnológica, como exemplo, as tecnologias no campo da saúde que se exibem ações plausíveis, hinteligências artificiais (ia´s) e reconhecimento facial são capazes de detectarem derrames. O computador Watson da IBM(International Business Machines Corporation) auxilia profissionais no diagnóstico de câncer, com quatro vezes mais precisão que os profissionais humanos. Watson auxilia, mas não substitui os profissionais no campo da saúde. No campo do direito, Watson, em pouco tempo, poderá estar apto a substituir advogados humanos, pois, possui precisão em consultas jurídicas com cerca de 70% a 90% em relação a humanos. Dessa maneira, é possível voltarmos à metáfora do martelo para compreender que um martelo para um marceneiro é uma ferramenta de trabalho, para um serial killer, uma arma em potencial. Em suma, tudo carrega em si uma contradição. 

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