O consumismo e suas faces: como elas moldam a sociedade contemporânea?
Artigo de opinião por Mariana Mota Lopes
Publicado por Maurício Sousa

As definições gramaticais associam consumismo ao ato de comprar. Porém, na sociedade contemporânea, o consumo ultrapassa esses limites, tornando-se um estilo de vida, uma obsessão e um problema socioeconômico gerado em grande parte das populações. Esse hábito vem sendo discutido por muitos autores em suas origens e dimensões. Alguns estudiosos apontam a importância da publicidade na construção da obsessão pelo ato de comprar. Outros destacam a vinculação histórica da possibilidade de compra com a vida boa, a riqueza e a saúde.
A tendência à compulsão pelo ato de comprar tem origem na história da humanidade. Após a Revolução Industrial, os processos de produção e circulação de bens significativamente agilizados. Com o avanço da produção, houve um grande distanciamento entre as pessoas e o conhecimento sobre os meios de produção. Para entender como isso ocorreu, basta pensar o quanto você conhece, por exemplo, sobre os processos de produção das coisas que você consome. Você conhece a forma de como são fabricados os produtos de higiene, alimentação, itens de decoração e outros? Conhece as formas de distribuição, importação e exportação? É justamente esse desconhecimento que historicamente foi denominado alienação. A alienação é a principal dimensão do consumismo, está na base da compra desvinculada da necessidade e do desconhecimento em relação ao valor de compra e de uso dos produtos.
A criação e valorização social de padrões de comportamento é outra dimensão fundamental do consumismo. Para atingir o padrão idealizado de sucesso e boa vida, inúmeras pessoas investem seus esforços para adquirir bens que não necessitam. Muitas vezes, acreditamos que comprar algo novo vai nos fazer felicidades ou irá preencher um vazio interior. No entanto, essa felicidade é geralmente passageira. A busca incessante por bens materiais pode criar um ciclo vicioso de insatisfação, onde a sensação de realização é substituída por uma vontade constante de adquirir mais. Além disso, essa cultura de consumo pode gerar ansiedade, estresse e até problemas de autoestima, especialmente quando sentimos que não podemos acompanhar o ritmo de consumo imposto pela sociedade.
Outro ponto importante é o impacto ambiental causado pelo consumismo desenfreado. A produção em massa de bens, o descarte rápido de produtos e a exploração de recursos naturais têm consequências devastadoras para o planeta. Florestas são desmatadas, oceanos poluídos e recursos finitos, como água e minerais, são consumidos de forma irracional. Essa lógica de “usar e jogar fora” contribui para o aumento do lixo, da poluição e das mudanças climáticas. Diante disso, é fundamental que cada um de nós reflita sobre seus hábitos de consumo e busque alternativas mais sustentáveis, como comprar de marcas que adotam práticas responsáveis, optar por produtos duráveis e reduzir o desperdício.
Em suma, o consumismo é uma realidade que exige reflexão e ação consciente. Ao repensar nossos hábitos de consumo, podemos contribuir para um mundo mais equilibrado, justo e sustentável — para nós, para as futuras gerações e para o planeta que compartilhamos. Afinal, a verdadeira felicidade não está na quantidade de bens que possuímos, mas na qualidade das nossas relações e da nossa capacidade de cuidar do mundo ao nosso redor.