Memórias do subsolo: resenha
Esposa adoecida, situação financeira delicada e depressão profunda: como representar as mazelas da vida em tinta e papel? Memórias do subsolo nos mostra, claramente, como o contexto do autor influencia sua escrita, sua lógica e suas convicções por meio de reflexões ontológicas profundas que instigam e provocam, que revelam verdades que não queremos escutar. Dostoevsky nos faz um convite ao abstrato em palavreado denso, por mais que breve e pontual. O livro foi alvo de grandes críticas, repressão e censura quando lançado por romper abertamente com a arte contemplativa e idealizadora do belo, fato que estabeleceu sua característica de ser um dos primeiros projetos modernistas ainda no período romântico literário. Autores como Kafka e Camus foram fortemente inspirados por sua vertente contrastante, e, ainda hoje, o autor choca leitores com a atemporalidade de seus versos. Impossível, é permanecer o mesmo após uma leitura, mas esse livro merece destaque significativo sobre a questão.
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