Publicado por Marianna de Castro
Brasília, 11 de abril de 2022.
Querida Vovó,
ﾠHoje foi o meu 17º aniversário, mas o primeiro sem você. Doeu muito não ter recebido um telefonema seu, não ter ouvido sua voz, não ter lido uma carta sua. Você se foi há tão pouco tempo, que acho que ainda não me dei conta de que não a tenho mais aqui presente, junto a mim.
ﾠEstava olhando todas as cartas que você me enviou em todos os aniversários, até que peguei a carta de 2017, ou melhor, 1917, porque a senhora errou na hora de escrever. Ela tem pequenas pinturas de flores que a senhora recortou e colou no cartão. Do outro lado, escrito à mão, uma letra de música composta por Paulo Soledade, “Estão voltando as flores”, e um recadinho para mim. Aquela é, sem dúvida alguma, a minha carta favorita. De todas as cartas, fotos, lembranças, aquele envelope branco, que você me entregou pessoalmente na hora do almoço, é o que eu mais gosto.
ﾠLembro de todas as nossas conversas. Sobre a senhora tinha o sonho de ser jornalista, das missas cansativas que a senhora odiava ir, das broncas que eu levava por te chamar por “senhora”, e não por “você”… Ah, vovó, como dói não te ter aqui! É uma dor que nunca vai passar, eu vou ter que aprender a viver com ela.
ﾠEu daria de tudo para ouvir um último “eu te amo, minha queridinha”, uma última conversa, um último abraço. A senhora sempre me dizia: “não se esqueça de mim”, e eu prometo, vovó, que não haverá um dia sequer em que eu não vá sentir a sua falta.
ﾠObrigada por tudo. Sei que não vou receber nenhuma carta como resposta, então te desejo tudo o que há de bom. Onde quer que a senhora esteja agora, eu sei que é o melhor lugar possível. Eu te amo para sempre, vovó.
ﾠBeijos da sua queridinha,
Luíza
Yedda de Castro
11/09/1932 – 09/04/2022