Manual de Sobrevivência para o Último Ano Escolar (Com Dicas Não Tão Óbvias)
Crônica por Bárbara Cunha em 14 de outubro de 2024
Publicado por João Otávio Marquez
Bem-vindos, sobreviventes do ensino médio! Se você chegou até aqui, parabéns, mas o verdadeiro desafio começa agora. Para te ajudar a encarar essa missão impossível, aqui vai um guia infalível (ou quase) para sobreviver ao último ano escolar sem perder a cabeça — ou pelo menos tentar.
1. Acorde cedo, ou…
No Único, acordar cedo não é só uma recomendação — é questão de sobrevivência acadêmica. Se você se atrasar mais de três vezes, sua nota vai despencar a cada vez que chegar depois das 7:10 à porta da sala, como se fosse castigo cósmico. Então, por mais que a cama pareça irresistível às 6 da manhã, lembre-se: cada minuto a mais de sono pode custar preciosos 0,2 a menos na nota. Portanto, coloque vários alarmes, ou quem sabe peça ajuda divina, mas garanta que você estará dentro da sala na hora. Porque, no fim, chegar atrasado sai bem mais caro do que só a cara de sono na aula.
2. Não faça TODAS as anotações – confie no colega nerd.
Você não precisa escrever tudo o que o professor fala. Afinal, alguém da sala vai anotar TUDO, e essa pessoa certamente adora compartilhar o conhecimento (ou vender as anotações por um lanche na cantina). A chave é escolher bem seu “fornecedor” de anotações. Dica: procure o aluno que tem três canetas de cores diferentes e um estojo que parece mais uma maleta de primeiros socorros, ou alguém com um tablet que parece que foi arrancado diretamente da sala de TV de um milionário. Ele sabe das coisas.
3. Simule uma crise existencial toda semana.
Uma boa crise existencial por semana mantém os adultos longe. Se alguém te perguntar como estão os estudos, basta soltar uma frase dramática como: “Não sei mais quem sou… o vestibular destruiu minha alma.” Eles vão te deixar em paz por pelo menos alguns dias, e vão aliviar um pouco a pressão, ou pelo menos garantir um mimo dependendo do seu tipo de família.
4. Estude – mas apenas quando houver pânico no ar.
O melhor combustível para os estudos não é café, é o pânico. Bom, pelo menos para a escola, o vestibular esse ano é sua principal prioridade. Estude quando sentir aquele desespero pré-prova, quando você perceber que o exame está a menos de 24 horas e você ainda não sabe se a química é orgânica ou só muito confusa. A adrenalina te dará poderes sobre-humanos (ou, pelo menos, o suficiente para uma nota mediana). Tente prestar atenção nas aulas e mesclar os conteúdos do vestibular com os que estão sendo dados, assim você mata dois coelhos com uma cajadada só.
5. Faça pausas estratégicas para simplesmente não pensar.
Todo guerreiro precisa de descanso, ninguém é de ferro. E por descanso, entenda-se: rolar nas redes no celular por “cinco minutinhos”. A ciência comprova que ver um meme engraçado a cada ciclo de estudo ajuda o cérebro a reter informações importantes (ok, a ciência não comprova isso, mas eu aposto que deve ser verdade). O problema é largar o celular depois. O TikTok parece que faz uma lavagem cerebral e te prende em um loop, o algoritmo usa recompensas de reforço aleatórias e conteúdo infinito de vídeos curtos para manter os usuários (você mesmo, margarida) viciados como em uma máquina caça-níqueis, o que libera dopamina fácil no negócio que você chama de cérebro. Mas, esse pequeno shot de felicidade não se compara nem um pouco com o tsunami que vai ser ver seu nome na lista de aprovados, e eu sei que você fica fanficando essa cena antes de dormir. Por isso, cogita pedir que seus pais, ou um amigo coloquem limite de tempo nos apps dos seus aparelhos para impedir que seu tempo de uso seja absurdo.
6. Não deixe a matéria acumular, tipo, NUNCA.
Acredite, acumular matéria é como entrar em um buraco sem fundo. A cada nova página não lida, você perde um pedacinho da sua sanidade. Trate cada página de exercícios como se fosse uma bomba relógio, porque, honestamente, sua vida acadêmica depende disso. A matéria vai voltar pra te assombrar, e é em um futuro mais próximo do que você pensa. Acumulou? Boa sorte, porque a montanha russa do desespero é longa…
7. Dê seu melhor nos primeiros bimestres.
Sério, se concentre no início do ano, porque nos últimos bimestres você não vai ter tempo nem de respirar. O vestibular estará ali, na porta, batendo com força, e todo o seu tempo será sugado para revisar conteúdos e tentar não surtar. Vai por mim, você vai agradecer por ter tirado boas notas antes do apocalipse acadêmico.
8. Alugue sua roupa de formatura um pouco antes.
Parece besta, mas a verdade é que, no fim do ano, a demanda por roupas formais explode e os preços sobem junto (como se a formatura não fosse cara o suficiente). Então, seja esperto e reserve a sua antes do frenesi. A menos, é claro, que você esteja planejando uma dieta. Nesse caso, compre um número maior. Spoiler: você vai faltar a academia e vai comer mais do que o normal por pura ansiedade. Melhor prevenir e só ter que precisar de ajustes de última hora, antes um pouco frouxo do que apertado, até porque vai ter comida na festa.
9. Escolha de carreira: equilíbrio entre estabilidade e sonho.
Todo mundo diz para você seguir seu sonho, mas lembre-se que os boletos não se pagam com “amor ao que você faz”. Tente equilibrar algo que te faça feliz, mas que também te dê uma estabilidade. Afinal, ninguém quer viver de miojo (por mais prático que seja) ou na garagem dos pais para sempre.
10. Expectativas: você não precisa ser perfeito.
E por último, mas não menos importante, vamos falar de expectativas. Não, você não precisa ser perfeito. A pressão é gigante, mas ser humano já é uma grande conquista por si só. Faça o seu melhor, aceite suas limitações, e entenda que sobreviver ao último ano já te torna uma lenda.
Boa sorte nessa jornada, jovem pigmeu! Nos vemos no outro lado — ou na faculdade, que é onde todos os bons planos de sobrevivência começam.
Este é o meu último texto, e gostaria de aproveitar a oportunidade para me despedir e agradecer por essa experiência. Comparando meu primeiro texto com este, é evidente o quanto me sinto mais à vontade ao escrever, e isso se deve ao apoio de pessoas incríveis. Sou profundamente grata as nossas diretoras, aos amigos que sempre me incentivaram, e a minha família, que esteve ao meu lado durante toda essa jornada. Sem vocês, nada disso teria sido possível.
Saio da vida para entrar na histó— opa, meio dramático… Saio da escola pra entrar na vida. Aos que ficam, meu muito obrigada e boa sorte!