Velas ao mar. Navegar é preciso. Perto ou longe do estéril turbilhão da rua, beneditinos ou nem tão santos assim, temos de escrever. Seja imitando o ourives, seja recusando o lirismo comedido; seja catando feijão, seja fingindo a dor que deveras sentimos, é indispensável pôr os pensamentos no papel. Ainda que gastemos uma hora pensando em algo que a pena não quer escrever, vamos adiante: lutemos a luta mais vã. Penetremos surdamente no reino das palavras, contemplemos cada uma, esperemos a pergunta fatal. No princípio, era o verbo. No futuro, também será. A palavra é que organiza o caos e dá sentido ao mundo.
Movido por esse espírito, é com enorme satisfação que o colégio Único anuncia o lançamento de sua revista digital, a Folha Única. Se a escola é o espaço privilegiado de aperfeiçoamento da escrita, a criação de uma revista digital constitui um estímulo para que essa prática ultrapasse os limites da redação escolar (necessários, mas muitas vezes sufocantes) e se converta em uma produção textual genuína, alimentada pelos interesses reais do aluno.
Em uma era marcada, por um lado, pela onipresença da comunicação por escrito e, por outro, pelo excesso de informação e pela consequente cacofonia do universo digital, a revista tem por finalidade levar alunos e professores a elaborarem textos que sejam produto de uma reflexão mais cuidadosa e consistente. A intenção é fugir à superficialidade das discussões atuais com vistas à fundação de um lugar de verdadeiro debate entre ideias.
Nasce, portanto, nossa Folha Única, aberta à produção dos mais diversos gêneros (artigos de opinião, reportagens, crônicas, resenhas, informes, entre outros) e à abordagem dos mais variados temas (dos dilemas da política à preparação de um saboroso risoto). E, se como disse Montaigne, “As palavras pertencem metade a quem fala, metade a quem ouve”, fica aqui o convite para que os leitores cumpram agora a sua parte. Velas ao mar.
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