Em março de 2020, quando o mundo inteiro parou e ficou em casa com medo do novo e desconhecido coronavírus, já se sonhava e pensava com a única forma de superarmos essa doença, a vacina! No dia 08 de dezembro do ano passado, quando Margaret Keenan, britânica de 90 anos, se tornou a primeira pessoa do mundo a se vacinar com uma das vacinas contra a Covid-19, todas as pessoas, independente de onde estivessem no mundo, sentiram um alívio. Havia uma luz no fim do túnel!
Mais de um mês depois, no dia 17 de janeiro deste ano, a enfermeira Mônica Calazans foi a primeira pessoa em território nacional a ser imunizada contra o vírus. O sentimento era comum a todos, finalmente consegueríamos superar esta pandemia e voltaríamos a viver uma vida um pouco mais “normal”.
Em países ricos, onde o governo comprou antecipadamente vacinas (diferentemente do Brasil, onde o governo federal ignorou 110 emails da farmacêutica Pfizer), a taxa da população completamente imunizada já chega na casa dos 50-60%. O que parece bom, mas não é. Os Estados Unidos, por exemplo, comprou vacina suficiente para imunizar três vezes sua população e, mesmo assim, apenas 50,7% dos americanos se vacinaram. Na França, com a vacinação aberta para quase toda a população adulta, a taxa de completamente imunizados chega apenas a 49,7%. Eufóricos para uma retomada econômica pós-pandemia, nenhum país se perguntou quem é que não iria querer se vacinar contra uma doença que matou em um ano e meio 4,3 milhões de pessoas no mundo.
O problema, entretanto, é extremamente grave. Não apenas pelo fato de que essa parcela da população que não se vacinou continua morrendo e ocupando leitos do hospital, impedindo um fim da pandemia; mas, principalmente pelo fato de que essas pessoas continuam se infectando e proliferando a doença que, por ser causada por um vírus, é altamente mutável. Logo, o perigo é que uma nova variante mais agressiva, mais contagiosa e resistente à vacina se alastre. A nova variante delta que é mais agressiva e contagiosa, por enquanto não superou a imunidade garantida pela vacina, mas pode ser apenas uma questão de tempo. Diante do risco de voltar à estaca zero, governos europeus e norte-americano vem tomando medidas duras com aqueles que são resistentes a se vacinar.
Nos Estados Unidos, os esforços não estão sendo poupados. No mês passado, anunciaram que todo funcionário público deverá se vacinar, caso contrário terá que fazer o teste do covid toda semana, tendo o valor descontado de seu salário. Outro exemplo foi o emblemático encontro entre a mais nova estrela do pop Olivia Rodrigo e o presidente Joe Biden, que ocorreu no início de julho, para incentivar a vacinação de jovens e adolescentes. Na Europa, para entrar em estabelecimentos como restaurantes, museus, cinemas e trens é necessário apresentar um “passaporte” comprovando a vacinação ou um teste negativo feito recentemente. A notícia não agradou, e muitos europeus foram às ruas manifestar contra o que eles denominaram de “Ditadura da Vacina”. Houve protestos em Roma e Paris.
No Brasil, por enquanto, isso não é um problema. Além de termos uma cultura de adesão à vacinação, em julho deste ano, uma pesquisa feita pelo Datafolha apontou que 94% dos brasileiros pretendem ou já se vacinaram.
Se vacinar é uma atitude necessária. Se trata sobre uma doença transmissível, o seu direito acaba onde começa o do outro.
Para acompanhar a taxa de vacinados por pais, acesse: https://ourworldindata.org/covid-vaccinations
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