Debate sobre Foro Privilegiado no STF prossegue com suspensão da moderação e insatisfação geral entre os participantes

Noticia por Sofia Mansur em 23 de agosto de 2024


Publicado por Pedro Henrique Garcia Eleuterio

Debate sobre Foro Privilegiado no STF prossegue com suspensão da moderação e insatisfação geral entre os participantes

O debate no Supremo Tribunal Federal, acerca da Constitucionalidade do Foro Privilegiado e do caso de Marcos da Rocha Mendes, teve continuidade no fim da tarde do dia 23 de agosto de 2024 (sexta-feira). Às 18h30, a Procuradoria Geral da República encaminhou-se à frente do Tribunal para a discussão da possível realocação de instância para o julgamento de Marcos, antigo prefeito de Cabo Frio, que teve seu mandato cassado por abuso de poder político e econômico em 2018. Ao passo que os procuradores insistiram na permanência do julgamento na terceira instância, os ministros mantiveram-se favoráveis à realocação. A tese defendida pela Procuradoria Geral da República baseou-se, principalmente, na importância da sustentação do processo na instância em que foi iniciado para que a integridade de seu decorrer. A procuradora Beatriz Nogueira manteve-se firme a respeito da não realocação enquanto uma atitude de crédito nacional, uma vez que sua execução nesse caso daria margem para a instabilidade de julgamentos de relevância análoga no futuro. O procurador João Alberto Pincovscy, por sua vez, insistiu na existência de uma relação direta entre a realocação de instância indiscriminada e a morosidade de processos. Apesar de seguramente defendidos, os argumentos da Procuradoria não foram suficientes para um reequilíbrio nas inclinações dos ministros.

O discurso da Procuradoria Geral da República foi seguido por uma breve fala da Advocacia Geral da União, na qual, mantendo-se predominantemente imparciais, os advogados ratificaram o caráter legal do Foro Privilegiado, não sendo incisivos quanto a seus posicionamentos quanto aos rumos a serem tomados por essa prerrogativa.

A fala foi concedida, em seguida, aos advogados de defesa de Marcos da Rocha Mendes, os quais mostraram-se, também, favoráveis à permanência do caso na terceira instância. O discurso da defesa teve uma recepção conturbada, levando os ministros à discordância. Enquanto alguns mostraram-se favoráveis ao direito da defesa de prosseguir em seu discurso sem interrupções, outros interpuseram-se às falas dos advogados por repetidas vezes. Ao engajarem-se em discussões passionais, os ministros propuseram que, ao decorrer de cinco minutos, os demais participantes da reunião se retirassem para debate não moderado. Ainda com a saída da maior parte dos integrantes do tribunal, a reunião prosseguiu em tom exaltado, forçando o presidente a pedir por decoro por diversas vezes. Na incapacidade de chegar a um consenso quanto à principal discordância que discutiam – o direito dos ministros de intervir e criticar ativamente os discursos dos demais -, os ministros estenderam seu debate não moderado. Do lado de fora da sala onde o debate ocorria, advogados e procuradores estavam indignados. “Demorou demais”, disse a advogada Beatriz Nogueira. “Esses ministros não sabem fazer seu trabalho com excelência”, adicionou

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