Cores do Amanhã
Poema por Bárbara Cunha em 10 de outubro de 2024
Publicado por João Otávio Marquez
No labirinto da mente, uma música, uma história
Sombras dançam, os vultos de ecos do passado
A vida, artesã de linhas, protegendo um patrimônio tombado
Tecendo sua essência no quadro da memória.
A beleza oculta nos pequenos motivos:
Entrar na coberta em noites de bruma
Sábado animado, festas de Natal com guizos
Reencontros sinceros que a vida perfuma
Promessas cumpridas culminam em alegrias e sorrisos.
Mas, crescer traz fardos, é pesado o viver
Expectativas erguem muros, intransponíveis
Responsabilidades que, como sombras, nos desampara
E o brilho da infância se esvai, em jornada,
Substituído por dúvidas que são invisíveis
Numa dança angustiante entre o querer e o dever.
Mais adulto, a infância distante
Nunca estive tão velho, porém, tão criança
O desejo de voltar, de aproveitar cada instante
De evitar o precipício que é a mudança
Um grande muro entre o sonho e a realidade, contrastante
Uma passagem sombria de desesperança.
O sussurro das inseguranças serpenteiam
Sons sensíveis semeando desassossego
Na dor que na solidão incendeiam
Somente assim percebemos o fogo,
A chama da vida que arde, mesmo quando tardeiam
Desejando respirar, crescer, viver
Entre a sombra e a luz, um novo amanhecer.
No horizonte, um mistério se insinua
Cores vibram em matizes revelados,
E mesmo que o medo, em sombras, flutua
O amanhã desponta em tons renovados,
Desafiando a noite que insiste e recua
O mundo, em seu giro, molda-se sem cessar,
E a vida, incessante, aprende a se transformar.
No rio Estige, onde a morte se esconde
Ao lado, o All Blue, águas de um novo horizonte
Em cada onda, ressoa uma canção harmoniosa
Na correnteza, a certeza de uma mudança misteriosa
A vida se renova, como a fênix que ascende
Das cinzas ergue-se, onde o tempo não se prende.
E assim seguimos, intrépidos, audaciosos
A força brotando das nossas hesitações
Pintando o futuro em traços cuidadosos
Cores do amanhã, forjadas em visões
Tecendo a vida em caminhos sinuosos
Um labirinto de dúvidas, em íntimas revelações.
Ousamos tão pouco, logo a vida, que é tão curta.l