Nos primórdios das práticas esportivas olímpicas, nas famosas cidades gregas, a dominação masculina na estrutura social e política foi um fator decisivo para impedir a participação feminina nos esportes. Ademais, às mulheres não possuíam o direito nem de frequentar as arquibancadas para assistir as competições.
Contudo, essa realidade começou a se transformar em 1900, depois de séculos de lutas feministas, quando nos jogos olímpicos, em Paris, algumas atletas fizeram participações, mesmo que em modalidades restritas, como o golfe e o tênis, esportes vistos como belos esteticamente, e sem o direito de conquistar medalhas. Mesmo que já tenha sido uma vitória para a época, as mulheres não se contentaram apenas com isso, assim, continuaram a protestar e exigir seus direitos, querendo, simplesmente, a equidade nos esportes, que trariam suas independências, além de saúde e bem-estar. As atletas brasileiras, por exemplo, foram grandes modelos dentro do movimento emancipacionista.
No Brasil, a participação feminina nos esportes foi oficializada internacionalmente apenas em 1932, ano em que as mulheres conquistaram o direito ao voto no país. Entretanto, as modalidades ainda eram poucas, devido ao Decreto-lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941, que estipulava que não seria permitida a prática feminina em esportes incompatíveis com as condições de sua natureza, o qual foi revogado somente em 1979. Todavia, a “incompatibilidade biológica”, discurso utilizado por anos para proibir mulheres de praticarem esportes, foi refutado, cientificamente, por pesquisas. Além disso, as atletas provaram por meio de performances e medalhas conquistadas, que podiam sim superar os limites impostos pela sociedade. Destaca-se a brasileira Karol Meyer, oito vezes recordista mundial de apneia, mergulho utilizando apenas o ar do pulmão, que trouxe o maior número de recordes mundiais para o Brasil em toda a história do esporte.
À medida que as mulheres brasileiras conseguiram um espaço nas competições, elas passaram a mostrar todo o potencial que possuíam. Desta forma, nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, elas conquistaram uma medalha de ouro e outra de prata no vôlei de praia, uma de prata no basquete, com o time da geração de ouro, e por fim, uma de bronze no voleibol, fazendo uma edição memorável para o Brasil. Logo depois, em 2012, na capital da Inglaterra, as atletas puderam participar, pela primeira vez na história, de todas as modalidades dos Jogos Olímpicos. Assim, finalmente, alcançando o mínimo de equidade com o esporte masculino.
Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, a atividade física regular é fundamental para prevenir e controlar doenças e exercitar a saúde do cérebro. Desta maneira, uma vez que as mulheres passaram a praticar esportes, a saúde e longevidade feminina melhoraram significativamente. Além disso, as mulheres que praticam esportes passaram a se sentir melhor e mais confiantes com seus corpos, agora conscientes de suas forças e resistências para lidarem com atividades cotidianas ou situações adversas de forma independente.
Atualmente, as atletas brasileiras tem grande prestígio mundial, como a seleção feminina de vôlei, que recentemente conquistou a medalha de prata nas olimpíadas Tóquio 2020. Na ginástica, a ginasta Rebeca Andrade trouxe para o Brasil duas medalhas olímpicas. De acordo com a atleta, a influência de ginastas anteriores, como Daiane dos Santos, permitiram a ela acreditar que poderia ser uma esportista de sucesso. Outrossim, Raissa Leal, menina mais nova a conseguir uma medalha para o Brasil, na estreia do skate nos jogos olímpicos, que também cresceu vendo outras skatistas ganhando mundiais do esporte, afirmou a importância de ver outras atletas representando as mulheres nos esportes.
Apesar de todo o esforço e a demonstração de capacidade, mostrado pelas mulheres, infelizmente, até os dias de hoje, elas ainda precisam lutar pela valorização do esporte femino. Enquanto Marta, a maior jogadora de futebol da história, eleita seis vezes melhor do mundo, recebe um salário e uma visibilidade relativamente pequena pelo seu talento, jogadores homens, com menos qualificações, têm melhores oportunidades. Portanto, investimentos maiores em atletas mulheres poderiam trazer ainda mais títulos para o país, inclusive melhorando o número de medalhas em olimpíadas, que já foram muitas, principalmente na última, realizada em Tóquio, onde as brasileiras conquistaram 9 medalhas.
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