O maior aumento da pobreza e da insegurança alimentar em décadas

O maior aumento da pobreza e da insegurança alimentar em décadas

Reportagem por Leticia Mafra Cerqueira em 10/11/2021


Publicado por Maria Rita Mamede

A pandemia tem causado os maiores índices mundiais de fome e desemprego em anos, deixando milhares de pessoas sem moradia e em situações precárias.

Morador de rua indo dormir
A pandemia afetou a saúde e a economia no mundo todo. As taxas de desemprego se amplificaram, bem como o número de pessoas em situação de extrema pobreza. Reprodução da imagem: Metrópole

           Em pleno 2021, o mundo passa por grandes desafios, decorrentes da  pandemia do COVID-19. Sabe-se que desde a chegada do vírus na sociedade humana, ocorreram grandes desastres e tragédias. Assim, além das milhões de mortes pela doença, observa-se outros diversos acontecimentos mundiais, como a desestabilização da economia e, consequentemente, o aumento do desemprego, principalmente, nos países emergentes, como o Brasil. Desta forma, o número de famílias que ficaram sem renda para sobreviver cresceu drasticamente, resultando em um enorme quadro de insegurança alimentar e falta de moradia. 

          Nessa perspectiva, as consequências da quarentena afetam tanto a saúde, quanto a economia dos países. A América Latina é uma das regiões que enfrentam os maiores índices de pobreza e desemprego do mundo. De acordo com o relatório anual da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), estima-se que o número de pessoas pobres aumentou para 209 milhões de pessoas no final de 2020. Assim, alcançando níveis de pobreza e extrema pobreza que não tinham sido vistos em décadas na área. Além disso, a falta de empregos e a demissão em massa têm afetado com maior intensidade as mulheres, trabalhadores informais, jovens e migrantes.

          Tendo em vista essa concepção, o desemprego está intimamente ligado ao crescente índice de pessoas em risco de insegurança alimentar no mundo. Estima-se que em 2020, ano que a fome ultrapassou o crescimento populacional, cerca de 9,9% das pessoas tenham sido afetadas por esse mal. Segundo estatísticas, 418 milhões destes indivíduos vivem na Ásia, 282 milhões na África e 60 milhões na América Latina e no Caribe. No geral, 30% da população global não teve acesso à alimentação adequada durante todo o ano passado. 

          Projeções mostram que em 2021 os números não melhoraram, e podem até mesmo aumentar. Em um novo relatório desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (WFP), mostra que conflitos, extremos climáticos e choques econômicos, muitas vezes relacionados à pandemia, continuarão sendo os principais causadores da insegurança alimentar no período de agosto a novembro deste ano, destacando 23 lugares que deverão enfrentar um nível agudo de fome, entre eles Afeganistão, Angola e Colômbia.


          No Brasil, a realidade da pobreza não é diferente. O número de pessoas de baixa renda foi de 9,5 milhões em agosto de 2020 para mais de 27 milhões em fevereiro de 2021. Essa condição se agravou no primeiro trimestre do ano, principalmente, devido à suspensão do auxílio emergencial. Outrossim, a alta de preços nos alimentos também trouxe dificuldades para a população, que está passando por um longo período de fome. Desta maneira, muitas pessoas cortaram alimentos de suas dietas para economizar, como as carnes, além de criarem novas formas de aproveitar ao máximo os alimentos.


Gráfico famílias em extrema pobreza no CadÚnico
Mais de 14 milhões de famílias vivem na extrema pobreza, maior número desde 2014. Reprodução da imagem: G1

          O país está enfrentando problemas, podendo ser observado o reflexo disso em todos os estados, principalmente na capital. O Distrito Federal foi o lugar que mais empobreceu entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro de 2021. Segundo o especialista André Santoro,  a pandemia fez com que a população de rua aumentasse cerca de 30% no DF, já que atrai muitas pessoas que enfrentam dificuldades, vindo para essa unidade da federação em busca de melhores condições de vida e trabalho.

          Portanto, é evidente a crescente taxa de pessoas passando por momentos de necessidade em decorrência da pandemia. Sendo assim, seja enfrentando a fome extrema, seja enfrentando um período de desemprego, uma grande parcela da população está em situação de vulnerabilidade e pobreza. Desta maneira, se faz necessário uma maior integração global ou, até mesmo nacional, dependendo da condição do país em questão, para pensar em formas de combater  problemas deixados na sociedade pelo COVID-19, a fim de diminuir ou parar o agravamento da extrema pobreza no mundo.

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