Publicado por Maria Rita Mamede
– Existe privilégio maior do que estar vivo?
– Sim!
– Qual?
– Se sentir vivo.
– Calebe.
Sim, caro leitor, zumbis existem. Contudo, não se engane, pois não são aqueles monstros ficcionais retratados em seriados e filmes, são apenas mortos-vivos. Acredite quando eu digo: estamos rodeados de mortos-vivos, ou até mesmo somos eles.
Pode parecer loucura, mas é mais comum do que se pensa. Os zumbis da vida real são aqueles que estão presentes fisicamente, mas suas almas já foram embora há tempos. São as pessoas que perderam a sua perspectiva de vida e não sentem mais vontade de viver, pois sua alegria foi se esvaindo lentamente, e tudo passou a não ter sentido. Aos poucos, o choro se tornou rotina e a vontade de desistir frequente. Essa pessoa está morta, não materialmente, mas seu interior está inanimado.
Na verdade, esse sentimento de vazio pode estar ligado a doenças psiquiátricas, como a depressão, ou a rara síndrome de Cotard, mais conhecida como “síndrome do cadáver ambulante”, em que, de fato, a pessoa tem plena convicção de que faleceu, chegando a ter alucinações de que seu corpo está se decompondo e apodrecendo. A síndrome é pouco conhecida, e não há estudo aprofundado sobre ela, mas demonstra um grande risco, principalmente por não ter cura e estar ligada a outras doenças psicológicas, como alterações da personalidade, transtorno bipolar, esquizofrenia e casos de depressão prolongada.
À vista de tudo que foi citado, saliento que se sentir morto por dentro de vez em quando é compreensível. Contudo, caso esse sentimento se torne corriqueiro, o recomendável é procurar ajuda profissional. Portanto, caro leitor, lembre-se que doenças mentais são tratáveis e que buscar ajuda é sempre a melhor opção.