Reportagem

Síndrome de Wanderlust

Síndrome de Wanderlust

Reportagem por Maria Elisa de Almeida Castro feita em 16 de maio de 2022


Publicado por Maitê Folha Desseaux

Mochileiros caminhando. Reprodução por viagemeturismo.abril.com.br

Mesmo que o ser humano tenha deixado de ser nômade há muitos séculos e seja um indivíduo agregador, que gosta de fixar raízes, há uma parcela da sociedade que mantém viva uma certa obsessão por viajar e explorar o mundo ao seu redor. A isso chamamos de Wanderlust, termo derivado da junção de duas palavras de origem alemã: wandern (viagem, caminhada) e lust (desejo, anseio por).

Ou seja: pessoas que sentem prazer em viajar, em conhecer novas culturas, novos locais. E parece que, a cada dia, conhecemos mais gente que possui essa vontade de viajar, de explorar novos lugares.

Para essas pessoas, a viagem começa antes mesmo de se chegar ao destino tão sonhado. Desde a fase de planejamento e de pesquisa de locais para conhecer, o viajante é invadido por uma sensação de bem-estar. Seus olhos brilham, e há quem diga que já sente até um frio na barriga só de se imaginar no local desejado.

Como é de se esperar, essa síndrome acomete, em geral, pessoas na faixa etária de 20 a 40 anos, quando, justamente, os indivíduos estão no início da sua carreira profissional, recebendo seu próprio salário e vendo a possibilidade de ter o mundo aos seus pés. Tudo o que eles precisam fazer é planejar a viagem de acordo com as suas possibilidades, isto é, no valor que eles dispõem.

Essas pessoas estão constantemente pesquisando novos lugares para conhecer e organizando viagens que “caibam em seus bolsos”. Não importa o destino, o importante é o prazer de descobrir o novo, é a viagem em si.

De acordo com um estudo desenvolvido pela Universidade de Kaplan, nos Estados Unidos, acredita-se que a Síndrome de Wanderlust possa ter correlação genética, existindo, assim, um gene viajante chamado de DRD4-7R. Segundo a pesquisa, os efeitos da dopamina no cérebro, causados pela presença do gene, são liberados em maior ou em menor grau, à medida que o número de carimbos no passaporte vai aumentando.

Isso pode explicar uma evolução da história recente da humanidade. Foi observado na pesquisa que os norte e sul-americanos são os que possuem maior carga genética do DRD4-7R, mas que, no mundo inteiro, menos de 20% das pessoas são acometidas  pela síndrome.

Outra pesquisa, desta vez  da Universidade da Califórnia, indica também o fator genético para a Síndrome de Wanderlust, pois mostra que o “alelo 7R prevalece em culturas migratórias do que em povos fixos”.

No entanto, sabemos que não basta que se tenha o fator genético e o prazer em viajar. Pode-se até ter o passaporte e os documentos sempre prontos para uma viagem, mas há outros aspectos que devem ser levados em consideração e que não serão encontrados em artigos científicos, como o conhecimento de línguas estrangeiras e, principalmente, o dinheiro no bolso.

E você? Acredita que sofre da Síndrome de Wanderlust? Como se virou neste período de pandemia, em que muitas fronteiras estavam fechadas?


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