Reportagem por Davi Sousa da Vinha em 20 de Outubro de 2022
Publicado por Beatriz Pinheiro Martins
O que o Ocidente sabe sobre o Budismo? Sou suspeito de dizer, mas não muito. A gente sabe um pouco sobre como eles supostamente deveriam agir e que a crença gira em torno de uma vida sem inquietações. Sabemos, também, que uma parcela deles se encontra no Tibete, acreditando na reencarnação de um tal de Dalai Lama e buscando o Zen com a meditação? Bom, o senso simplório das massas nem deve passar muito disso. Felizmente, o Budismo não se resume a preconceitos e estereótipos ocidentais, mas sim a uma religião baseada em uma filosofia de vida. Tal fator está presente, também, em outras tradições asiáticas, como o Confucionismo e o Taoísmo. Então, se quiser aprender mais sobre essa crença tão influente na história da humanidade, embarque nesse texto para uma melhor compreensão de suas raízes e valores.
A “mitologia”, por assim dizer, de Buda, começa com uma história indiana, a qual fala sobre um império oriental do Século VI a.c.. A narrativa começa da seguinte maneira: um rico e poderoso regente de um pequeno reino ouviu dizer, de um sábio, que seu filho seria ou uma asceta (quem vive para a prática de devoção e penitência) ou um poderoso monarca. Querendo fomentar, definitivamente, a 2ª previsão, o imperador isolou seu filho da vida externa no palácio real, para que ele conviva apenas com assuntos burocráticos e de poder. Ganhando o nome de Sidarta Gautama, o filho do regente foi isolado desde o seu nascimento.
Contudo, o que o rei não pôde prever foi a fuga inesperada de Sidarta para o exterior do palácio aos 29 anos de idade. Longe da vida extremamente luxuosa que vivia, Sidarta acaba se deparando com todas as desgraças escondidas e desconhecidas para ele, como a doença, a velhice, a má-fé, a fome e todos os fatores caóticos causados pelo ser humano. Após o choque de realidade, o mundo de Sidarta, como ele conhecia, desaba até trombar com um carroceiro sorridente. A partir desse momento, Sidarta começa uma jornada de revelação espiritual para se equiparar à inocência e boa vontade daquele carroceiro. Entre indas e vindas, em medidas bem obstinadas, ele decide sentar-se embaixo de uma árvore até descobrir como viver bem. Depois de 7 noites meditando, Sidarta abriu os olhos para a estrela da manhã e foi iluminado, alcançando o Nirvana, que é o maior estado espiritual alcançado pela sabedoria. Hoje, esse homem é chamado de Bhagavat (Senhor), Tathagata (aquele que superou completamente a mente) ou de apenas Buda.
O Budismo explicado aqui será muito minimizado, pois há muitos ditados e escrituras a serem analisadas e, por isso, as noções em seguida cercarão o cerne da vivência dos seguidores: as 4 verdades. Embora Buda tenha admitido a existência de Deuses hindus, eles não teriam o poder de interferir nos assuntos humanos, de acordo com ele e, assim sendo, somos apenas humanos lidando com outros humanos e com nós mesmos. Nesse sentido, estão listadas, a seguir, as 4 verdades que ditam a vivência no caminho interior para atingir o Nirvana:
1- Viver é Sofrer: fato inerente à existência e, como a vida e a morte são um ciclo sem fim, a morte não deixará de atormentar o ser;
2- Tal sofrer tem duas causas, sendo elas o desejo e o apego: tais impulsos narcisistas refletem a ignorância da sociedade;
3- Desejo e apego podem ser superados: dessa forma, você se livraria do egoísmo da alma e alcançaria o Nirvana;
4- Para a superação, deve-se seguir o Caminho Óctuplo: são as atitudes corretas para o Nirvana, estando listadas abaixo:
Compreensão Correta (Samyag-drsti);
Pensamento Correto (Samyak-samkalpa);
Fala Correta (Samyag-vac);
Ação Correta (Samyak-karmanta);
Meio de Vida Correto (Samyag-ajiva);
Esforço Correto (Samyak-vyayama);
Atenção Correta (Samyak-smrti);
Concentração Correta (Samyak-samadhi)
Com o passar das Eras, como qualquer outro movimento cultural-religioso, o Budismo foi segmentado em várias tendências e análises diferentes sobre a vida. Há, por exemplo, o Theravada, que prega o desapego, a reclusão e o caminho da renúncia. Além disso, seus seguidores são retratados como eremitas carecas com roupas simples de cores quentes. São, muitas vezes, equiparados ao Mahayana e ao Vajrayana quando, na verdade, essas são linhas de pensamento diferentes acerca dos ensinamentos de Buda.
Nesse mesmo viés, o Zen também é idealizado pelo senso comum como um estado de espírito pacífico que, na maioria das vezes, é conceitualmente mais compreendido pelas massas. Tal conceito é derivado do sânscrito dhyana (meditação), representando não um dogma central ou uma regra específica para o relaxamento do corpo e da alma, mas sim uma prática pessoal de meditação para alcançar o bem-estar. Sendo uma concepção muito presente no extremo oriente, o Zen foi muito denotado na cultura japonesa, ganhando destaque nas altas classes oligárquicas e militares daquela civilização. Contudo, na China, essa prática apresentou um declínio, sendo menos empregada no geral.
Enfim, mesmo após milênios de história, tal conjuntura filosófica religiosa ainda se encontra muito em voga na contemporaneidade. Sendo reconhecida como uma das religiões formadoras do mundo na fé Bahá’í, o Budismo é, sem dúvida, um dos maiores marcos das religiões no mundo.
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