Laranja mecânica e o estímulo condicionado

Laranja mecânica e o estímulo
condicionado

Resenha / Por Ana Beatriz em 15 de julho de 2020

Dirigido por Stanley Kubrick, o filme “Laranja mecânica” é protagonizado por Alexander Delarge, também nomeado como Alex, um jovem de classe média que lidera uma gangue de pequenos marginais no Reino Unido. Adaptado de um romance de Anthony Burgerss, o filme aborda questões psicológicas como se o comportamento malicioso do ser humano pudesse ser curado e se os meios científicos de se obter este resultado seriam a resposta para o fim da violência.

laranja_mecânica
http://marcelloalcantara.blogspot.com/2012/08/laranja-mecanica-o-filme.html

Ao longo do filme, Alex e sua gangue cometem uma série de atos de violência gratuita, estupros, roubos e invasões domiciliares. Em uma dessas atrocidades acaba por assassinar uma mulher. Devido ao seu forte temperamento, perde o apoio de sua gangue e acaba sendo preso.

Atormentado pela ideia de ser um presidiário, o jovem decide participar, como cobaia, de um programa de reintegração social elaborada pelo governo britânico. Esse programa consistia na aplicação de uma droga, que causava náuseas em Alex, e o obrigavam a assistir cenas de violência explícita e sexo,com o intuito de criar uma repulsão do jovem por essa categoria de atividades.

Essa estratégia, retratada no filme, de fato chegou a ser experimentada cientificamente pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, na qual observou que os cães, ao se alimentarem, liberam uma grande quantidade de saliva e Ivan notou que isso era a resposta aos estímulos que o cão recebia antes de pegar o alimento. Pavlov tapou a visão do cachorro por um determinado tempo e antes de dar comida a ele, emitiu um pequeno barulho. E com o passar de um período, o cientista percebeu que a grande quantidade de saliva do cão passou a ser apenas com o barulho, e este acontecimento foi chamado de estímulo incondicionado.

No caso de Alex, o estímulo incondicionado seria a droga, pois ela, inevitavelmente, causa as náuseas no jovem, e o vídeo que ele era obrigado a assistir seria o estímulo condicional,
que levaria o cérebro a uma interpretação reflexiva de que as náuseas estariam sendo causadas pela violência e pelo sexo, desenvolvendo uma aversão por isto, tornando o jovem incapaz de realizá-los.

Portanto, a ideologia exposta pelo filme de fato poderia ocorrer. Entretanto, não de maneira vitalícia. O processo de condicionamento teria uma duração temporária, que gradualmente perderia seu efeito, ou seja, para que Alex não cometesse mais atos de natureza maléfica, ele deveria passar pelo programa de tempos. Além disso, o programa não torna Alex uma boa pessoa, o jovem ainda continua mau, apenas tem sua malícia reprimida.

Gostou? Compartilhe!
Pular para o conteúdo