Resenha por Gabriel de Castro Paz Hausen em 31 de março 2022
Publicado por Maria Rita Mamede
“Seven – Os Sete Pecados Capitais” é um aclamado longa de investigação policial com elementos do gênero terror. A obra dirigida por David Fincher, conhecido por outros trabalhos bem recebidos pela crítica (Clube da Luta, Garota Exemplar), e protagonizada por Morgan Freeman e Brad Pitt foi lançada em novembro de 1995, chamando a atenção do público em geral por apresentar-se como um suspense jamais visto anteriormente.
A trama do filme se passa em uma metrópole estadunidense cujo nome nunca foi citado. A cidade, retratada por meio de genial cinematografia, de forma obscura e desgastada (exposta como o verdadeiro “inferno na terra”), é palco de inúmeras infrações devassas, que caracterizam seu caráter imoral e incontrolável. O roteiro gira em torno de dois detetives: Somerset (Morgan Freeman), já veterano, que deseja aposentar-se o quanto antes, e David Mills (Brad Pitt), jovem policial que procura impulsionar sua carreira, transferindo-se para um município no qual os índices de criminalidade são altíssimos.
Não obstante a quantidade de delitos hediondos que ocorrem no território, os investigadores têm que lidar com algo nunca visto pelo departamento de segurança local: assassinatos inspirados nos sete pecados capitais do Cristianismo, quais sejam: vaidade, avareza, luxúria, inveja, gula, ira e preguiça. Nesse contexto, após a descoberta do primeiro homicídio, os personagens precisam resolver o complexo quebra cabeça do misterioso “serial killer” da forma mais rápida possível, a fim de que o ciclo de ocisões seja interrompido.
Os aspectos técnicos do longa são impecáveis. Sua fotografia horripilante, composta por “takes” escuros, cuja luz é quase sempre direcionada (característica clássica do diretor David Fincher), e o trabalho dos técnico-artistas (maquiadores e produtores de objeto) enriquecem a ambientação tenebrosa proposta por seus criadores. Em adição ao que já foi exaltado, deve-se destacar a perturbadora trilha sonora composta por Howard Shore, que se torna ainda mais eletrizante no terceiro ato da obra, especialmente em sua cena final.
O roteiro do filme, aparentemente simples, mostra-se muito profundo conforme o desenvolvimento do drama. Utilizando-se de contrastes entre suas personalidades e vidas pessoais, o texto de Seven apresenta e desenvolve seus protagonistas de forma sutil, porém precisa. Somerset, por exemplo, apesar de não mais suportar seu estilo de vida na cidade, possui personalidade calma e virtuosa, diferentemente de David Mills, detentor de distúrbios de raiva, que se tornam mais severos ao longo da resolução do caso. Outras características opostas entre os dois detetives (Somerset e Mills, respectivamente) também podem ser identificadas durante a trama: um deles está em final de carreira, o outro é jovem e vive o ápice de seu trabalho; um deles quer sair da cidade, o outro acabou de mudar-se para o local; um deles vive sozinho há muitos anos, o outro vive com sua esposa e planeja construir uma família, dentre outros prismas.
Todos esses fatores caracterizam muito bem a principal ideia explorada por Seven: o comportamento do ser humano diante de uma sociedade por ele corrompida. Os crimes cometidos pelo assassino possuem índole moralizante (com base na doutrina católica) e são meros frutos do meio trevoso em que estão inseridos. A fala expressa no próprio filme: “vemos um pecado em cada esquina, em cada lar, e o toleramos” exemplifica a imoralidade e inconsequência do mundo de Seven, fazendo o espectador refletir sobre como diversas atitudes deploráveis são aceitas pelo corpo social nos tempos contemporâneos.
Por todas essas e demais qualidades únicas, Seven consolidou-se como um dos maiores “thrillers” policiais de todos os tempos, sendo o típico filme que pode ser interpretado de diversas maneiras e que muda drasticamente de percepção ao ser assistido mais de uma vez. Além de impulsionar a carreira de David Fincher, serviu de inspiração para diversos outros longas e seriados, como “The Batman”, “True Detective”, “Ilha do Medo”, “Mindhunter” e outros mais.
À vista de tudo o que já foi citado, Seven é uma obra 5 estrelas, que deve sempre ser respeitada pela comunidade cinéfila e por aqueles que buscam uma reflexão em relação ao ser humano.
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