Elvis: um filme de exageros?

Elvis: um filme de exageros?

Resenha por Paloma Walber em 7 de agosto de 2022


Publicado por Maria de Los Angeles Delgado Orduz

Uma das capas do filme "Elvis" que conta sobre a vida do cantor conhecido como o rei do rock
Elvis Presley (Reprodução da imagem por imdb)

“Elvis” é um filme de drama e musical dirigido por Baz Luhrmann (também diretor de outras obras cinematográficas, como “The Great Gatsby” e “Moulin Rouge”) sobre a vida e obra do icônico cantor dos anos 60 e 70 conhecido como rei do rock: Elvis Presley, interpretado por Austin Butler.

  A narrativa mostra inicialmente as tragédias vividas pela família Presley, como a morte do irmão gêmeo de Elvis, Jesse, durante o parto e a prisão de seu pai por estelionato, fazendo com que o artista e sua mãe sejam despejados de onde viviam. Além disso, o filme é narrado pelo agente do Elvis, Tom Parker (Tom Hanks), um homem ganancioso que tinha o costume de dar golpes em pessoas, deixando a história, então, com uma perspectiva ambígua e de uma forma que não é perfeitamente cronológica.

Dessa maneira, é possível notar que muita coisa sobre a vida do cantor foi deixada de fora, colocando como foco narrativo a relação entre Elvis e Tom. Assim, o longa-metragem perde pontos no quesito documental, já que não mostra tanto da relação do artista com sua esposa e faz com que os espectadores percam a noção de passagem de tempo em certos momentos, mas, por outro lado, ganha em identidade visual.

Durante a obra cinematográfica, o público possui relações superlativas, principalmente se considerarmos a cena em que o ator de Elvis finalmente tem o rosto revelado após tantas cenas de costas ou de lado, pois essa era a primeira vez que eles estavam tendo contato com uma apresentação do artista e, mesmo assim, muitos já se encontravam em completo êxtase. Porém, as reações são convincentes, pois se encaixam na narrativa condensada e menos literal adotada pela produção do projeto.

Elvis, o rei do rock , tocando guitarra
Elvis Presley (Reprodução da imagem por uol)

Felizmente, o cineasta teve o bom senso de segurar os recursos fantasiosos quando retrata o contexto racial no qual Elvis estava inserido, não omitindo o fato de que, por ter sido criado em uma comunidade predominantemente negra, a base musical do cantor veio dos artistas afro-americanos. Então, mesmo não negando o talento excepcional do artista, a direção foi hábil em ilustrar que ele conseguiu fazer tanto sucesso com músicas subversivas e periféricas por ser branco, já que artistas negros extremamente talentosos haviam perfomado essas mesmas músicas anteriormente, mas seus sucessos não atingiram o mundo devido aos preconceitos raciais.

Dessa maneira, o longa cumpre a sua proposta e apresenta a incrível atuação de Austin Butler, que, durante a narrativa, possui uma caracterização tão bem feita e que somada aos efeitos em certos trechos do filme e, principalmente, na cena final, faz com que alguns espectadores não tenham certeza se estão assistindo Austin ou o próprio Elvis. Então, mesmo com tanto destaque ao personagem Tom Parker, a obra jamais negligencia a estrela que dá nome ao projeto e apresenta um excelente filme aos espectadores. 

Gostou? Compartilhe!
Pular para o conteúdo