O objeto chamado “mulher”
Resenha / Por Milena Rodrigues em 24 de novembro de 2022
Ao analisar o filme “Uma garota de muita sorte”, a abordagem que o filme usa causa desconforto devido aos temas polêmicos que são pautados, porém, traz à tona assuntos muito importantes. Sob esse panorama, a personagem principal tem diversos flashes de memórias relembrando sua adolescência, sendo que a maior parte do longa metragem se passa na sua vida adulta, e os impactos que os acontecimentos de sua juventude tiveram em sua jornada. A principal personagem é uma escritora renomada, Ani FaNelli, que possui a vida perfeita, o homem perfeito e expectativas muito altas para sua carreira. Além disso, em diversas situações mostra a problemática que a escritora tem com sua mãe, e alguns fatos se desenrolam em torno disso.
A atriz escolhida ressalta bem a garota determinada que Ani se tornou, todo elenco confirma a narrativa que é construída em torno do abuso que a principal sofreu, sendo composto de homens brancos e ricos que saem impunes de seus atos. Além da clara reafirmação que a vítima é a culpada, mesmo tais atos sendo destrutivos para a vida de FaNelli, ver que seus abusadores não foram corretamente punidos, traz um sentimento vingativo.
A escolha dos figurinos é importante para construir a personagem principal, a seleção de roupas impecáveis, o cabelo sempre arrumado, a mulher forte e impiedosa que tenta esconder seus traumas atrás de uma imagem impenetrável. Em suma, este longa traz desconforto, além do sentimento de raiva pela impunidade dos crimes, e as temáticas retratadas, mesmo com tamanhas diversidades se torna intrigante, pelo suspense causado, se a personagem conseguirá ou não punir seus abusadores ao longo da narrativa.