Resenha por Ingrid Marques em 27 de setembro de 2024
Publicado por Pedro Henrique Garcia Eleuterio
Com o advento da Internet e, consequentemente, das redes sociais, é muito comum encontrar indivíduos que querem ser perfeitos, como se vivessem vinte e quatro horas com um filtro do Instagram, com a possibilidade de ter a pele perfeita, o nariz perfeito e até mesmo o corpo perfeito. Todavia, essas pessoas esquecem um importante fato: o que está aparecendo na tela não existe. No entanto, e se pudéssemos virar uma versão idealizada de nós mesmos? E melhor, para sempre! Nesse caso, estaríamos na nova adaptação da Netflix “Feios”, lançada na última sexta (13 de setembro) e dirigida pelo diretor americano Joseph McGinty.
A narrativa é ambientada em um futuro distópico em que o planeta Terra sucumbiu após utilização excessiva de combustíveis fósseis. Nessa perspectiva, a fim de preservar a espécie humana, os cientistas desenvolveram uma flor geneticamente modificada chamada Orquídea-Tigre Branco, a qual é uma fonte supostamente limpa para suprir a necessidade de energia da população. Entretanto, isso não resolveu o maior conflito que há entre os seres humanos: as suas diferenças. Assim, o governo, juntamente com a ciência, criam um procedimento, com o objetivo de acabar com as iminentes desavenças, o qual torna todos os indivíduos da cidade, que completam 16 anos, em seres perfeitos para sempre.
O longa-metragem se inicia exatamente no aniversário do melhor amigo de Tally (Joey King), Peris (Chase Stokes), que está ansioso para deixar o internato, onde ficam os chamados ‘feios’, e finalmente se tornar perfeito. Apesar de não querer ficar sem o seu único amigo, a personagem o incentiva, pois sabe o quão hostil é a vida para alguém como eles. Após a partida de Peris, Tally não tem mais notícias dele e acaba preenchendo os seus dias com a companhia da sua nova amiga Shay (Brianne Tju), a qual lhe apresenta um caminho alternativo ao procedimento de transformação: a Fumaça, a qual é uma cidade onde vivem as pessoas que se opõem às medidas do governo.
Indubitavelmente, o enredo é alegórico e tem como propósito trazer algumas reflexões sobre o mundo contemporâneo ao telespectador. A começar pela questão da pressão estética que, de forma mais velada, ocorre na cultura digital, e no filme tem uma importância enorme para explicar como os personagens se relacionam, como se enxergam e no que acreditam. Além disso, a trama aborda como o governo molda o imaginário da população com a intenção de controlá-la por meio da disseminação de meia-verdades, da censura dos livros e de propagandas que mostram apenas as partes boas do cotidiano da cidade.
Ademais, o filme explora bastante a questão ambiental, principalmente nos momentos em que descobrimos mais sobre a ‘Fumaça’ e seus objetivos. Por outro lado, a natureza que resta no mundo fictício é também importante para o despertar da protagonista que começa a entender a importância de amadurecer, fato que ela não vivenciaria caso fizesse a cirurgia, e preservar o que há de único no planeta e nos indivíduos. Todo esse processo é curioso e interessante!
Dito isso, apesar do filme parecer um pouco apressado no final, ele me surpreendeu muito, pois eu não estava com as melhores expectativas considerando os recentes lançamentos da Netflix. Além de que o longa promete um segundo filme para desenvolver ainda a história, visto que a trama é baseada em uma saga de livros escrita pelo autor Scott Westerfeld. Certamente, por tratar de tantas questões atuais, o filme é um ótimo repertório para redações e vale a pena conferir se você gosta de ficções científicas leves para assistir em uma tarde.
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