Resenhas/ Cultura & Arte Por Maria Clara Borba, em 26/03/2020
Gustavo Ávila, escritor de “O sorriso da hiena” e “Quando a luz apaga”, nasceu em 1983 e cresceu no interior paulista. Ingressou no mundo da escrita ao entrar para o mercado publicitário como redator, há mais de dez anos. Seu primeiro livro- “O sorriso da hiena”, lançado em 2017- foi tão bem construído, que levou mais de três anos para ser terminado, e por isso gerou tanto sucesso no ramo nacional literário. O livro acabou por ser tão querido e bem avaliado, que teve até seus direitos comprados pela Globo em 2016.
O primeiro livro do autor, que entra no gênero de thriller psicológico, foi publicado pela Verus Editora e se baseia em uma trama de suspense e jogos psicológicos. Em terceira pessoa, a narrativa do livro se alterna entre a perspectiva de William- um psicólogo infantil atormentado por não achar que faz o suficiente para tornar do mundo um lugar melhor-, David- um misterioso homem que propõe um estudo à William sobre o desenvolvimento da maldade humana de uma forma que o faz questionar dilemas morais- e Artur- investigador policial responsável pelo caso do assassinato cometido por David no início da trama.
O livro possui uma narrativa ágil e envolvente que facilmente cativa o leitor à obra em pouco tempo de leitura. Os acontecimentos seguem uma linha de tempo unidirecional- que volta no passado de David em algumas ocasiões. Os personagens são complexos e bem desenvolvidos durante toda a narrativa, contando com grandes descrições que fazem o leitor se identificar e até criar laços com eles conforme a história se passa. Não só o enredo como o espaço tempo variam bastante durante a trama, ocorrendo em vários lugares e se passando durante dias, meses e até anos. A linguagem não é complexa, mas também não é coloquial, requerendo-se mais domínio da norma culta.
A obra conta com um final que nos faz refletir bastante e aplica morais e valores extremamente importantes e necessários a serem discutidos na sociedade em que vivemos nos dias de hoje. Esta é uma leitura indicada para um público mais adulto, uma vez que trata de assuntos bem pesados como tortura, morte e questões que em geral costumam necessitar de mais maturidade para serem lidados. Mas, tirando isso, esse é um livro incrível e extremamente forte, que nos leva a questionar o que é o bem e o mal e nos impacta com seu frio e real incômodo.
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