Política Por Rafael Neves , em 08/04/2020
Durante a reunião de segunda feira, 06/04, reunindo todos os ministros e o presidente, Mandetta afirma que, por ele, não sairá do ministério até a pandemia terminar. Com suas medidas em prol do isolamento social, Eduardo Bolsonaro e Weintraub pensam bem diferente do atual ministro.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, saiu da reunião que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro com a certeza de que seu mandato à frente da pasta dura até o fim da crise do coronavírus, que não tem prazo para terminar. O desgaste entre os dois chegou ao limite. A popularidade do ministro cresceu bastante nas últimas semanas, em razão das decisões que tomou e que foram enaltecidas também por governadores e entidades da sociedade civil.
Ao longo da conversa com o presidente, tentaram convencer Mandetta a mudar seu comportamento, para se alinhar ao do chefe, que defende um relaxamento do isolamento e o uso da cloroquina como tratamento do coronavírus, mesmo sem estudos científicos suficientes para atestar a eficácia do medicamento, usado contra malária, no combate à Covid-19. No entanto, o ministro ressaltou que iria se opor a qualquer declaração que não fosse baseada em estudos sólidos e chancelada por especialistas do setor de saúde. Mandetta, diante do próprio posicionamento, saiu do encontro convencido de que sua saída do governo é uma questão de tempo, além de que o próprio presidente percebeu que a manutenção dele no cargo é necessária para evitar acirramento político em meio à crise sanitária.
Preocupado com insumos hospitalares, máscaras e respiradores para atender equipes médicas e pacientes durante a pandemia, Mandetta ligou para o embaixador chinês, Yang Wanming, e garantiu o apoio do país asiático. A China recentemente havia se revoltado com declarações do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que falou em “vírus chinês” e criou uma crise diplomática, e do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que também culpou o país asiático pela pandemia. Na ligação, o ministro ressaltou a história de amizade entre as duas nações e que o Brasil precisa da experiência da China, que está conseguindo combater a Covid-19.
Ao anunciar, na segunda-feira, que seguia como ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta pediu “paz” para trabalhar no enfrentamento ao coronavírus, mas ele não terá a tranquilidade que espera. Embora tenha conquistado uma parcela dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, grupos considerados mais radicais e ligados ao guru Olavo de Carvalho intensificaram a ofensiva, nas redes sociais, contra ele.
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