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Entrevista com um universitário #2

Entrevista com um universitário #2

Entrevista com um universitário Por Julia Saraiva, em 09/05/2020

foto de Ingrid Peliceri

Diante de tantas possibilidades e dificuldades que encontramos ao entrar no mundo universitário convidamos Ingrid Peliceri, aluna que conseguiu entrar em Engenharia Elétrica na UNB por meio do Programa de Avaliação Seriada (PAS).

FOLHA UN1CA(F1): Como e por que você escolheu fazer Engenharia Elétrica?

INGRID PELICERI (PI): Eu já sabia que queria uma engenharia desde o nono por causa da influência do meu tio, aí quando comecei a conhecer as matérias do curso me apaixonei totalmente. O meu tio me apresentava e eu adorava aprender. Pensei em todas as engenharias até chegar na que eu queria. No começo, a minha família ficava muito preocupada com a quantidade de meninas no curso e queriam que eu fizesse engenharia civil, medicina ou direito; mas na época eu queria uma engenharia menos procurada, como a de produção, alimentos ou algo do gênero. Acabei escolhendo elétrica e todos apoiaram.

Em relação a ser ainda uma área masculina, me surpreendi, na minha turma tinham mais de seis meninas — apesar de que algumas saíram na primeira semana. Um problema do espaço nessa questão também, é a competição entre as próprias meninas em querer ser a melhor entre nós quando deveria existir uma união da nossa parte.

Pensando no meu primeiro dia, me senti um pouco intimidada, apesar de ter certeza das minhas escolhas, porque são muitos homens no mesmo lugar e sempre tem certos olhares, mesmo com a maioria sendo tranquila. Sendo mulher, também é chato com alguns professores devido a marcação, como foi ao longo das outras aulas.

O campus não é como todo mundo tende a pensar. Eu também tive uma quebra de expectativa porque esperava um ambiente totalmente desorganizado e percebi que era justamente o contrário. As pessoas se respeitam, as filas são feitas e o pessoal tem o senso de não fazer tanto barulho. Pelo menos da parte em que fico é tudo bem tranquilo. Óbvio que existem exceções, entretanto, em maioria, é bem melhor do que todos esperam.

F1: É muito comum ouvirmos na mídia casos de tráfico de drogas e roubos na Unb,
como você se sente estudando em um lugar no qual, aparentemente, não possui
segurança ou policiamento constante?

IP: Olha, roubos acontecem em qualquer lugar e eu venho de colégio público então já vi muita coisa em relação ao tráfico, mas é algo que vai da sua consciência. Você não é obrigado a participar disso, acho que exige maturidade para saber lidar com isso. Eu me sinto segura ali, é um ambiente diferente, não é o lugar mais seguro do mundo, mas não é como as pessoas pensam. A minha área é focada, pelo menos a parte que conheço. Mas existem relatos de outras partes do campus com alguns conflitos rotineiros em relação a opiniões.

http://www.ficredencao.com.br/curso/engenharia-eletrica

F1: Como está o mercado de trabalho para aqueles que pretendem ser engenheiros
eletricistas?

IP: Quando fui escolher o curso esse foi um dos fatores. Na minha opinião, o momento atual é muito propício para a área que eu quero, porque todo lugar precisa de eletricidade. Para as coisas continuarem funcionando na sua casa, mesmo em quarentena, alguém precisa fazer o trabalho de garantir certo recurso. Então, o mercado é muito amplo, todo mundo fala de tecnologia, mas esquecem que é necessário gente na eletricidade, às vezes é um mercado muito desvalorizado.

Eu acabei tendo contato com o meio devido a oficina do meu avô que é especializada na parte mecânica. Acabei conhecendo um pouco do trabalho das pessoas e vendo a real experiencia delas na parte elétrica também.

F1: Quais são suas perspectivas em relação ao cancelamento do semestre na UNB,
devido ao COVID-19, sabendo que as outras universidades e faculdades particulares de Brasília continuam a ter aula EAD?

PI: Achei muito justo porque muitos alunos não tem condição de ter acesso a matéria online pois usam o campus da universidade para isso. Muitas praticas não podem ser feitas online. Para o curso ser bem feito é necessário o campus da UNB pois usamos as salas e os recursos disponíveis lá com aula sendo ministrada presencialmente.

F1: Quais dicas você pode dar para aqueles que sonham em entrar na Unb?

IP: Durante o meu primeiro ano eu apenas foquei em estudar, essa era a minha vida e, no final, eu não gostei da nota. Eu acabei aprendendo que precisava de uma rotina e horários definidos de estudo durante a semana. Também aprendi a me dar um dia livre no final de semana e, às vezes, até o final de semana todo de acordo com a minha semana. Claro que devido ao cursinho eu tinha finais de semana de estudo. Então eu abdicava disso de tempos em tempos.

No segundo e terceiro eu fazia as provas dos vestibulares e depois saia para me divertir, era uma recompensa que eu me dava. Eu acho isso importante: se beneficiar depois das obrigações, isso me relaxava, colocava uma coisa que eu gostava para poder me motivar ainda mais.

A organização me ajudou a não perder tantas coisas devido ao tempo de estudo. Mas saibam pesar o que vale mais a pena. Eu perdi algumas reuniões de família, aniversários, saídas com amigos pelo meu sonho. Também deixei relacionamentos para trás porque, nem sempre, as pessoas entendem a sua rotina de estudos que exige muito foco, concentração e dedicação. É uma coisa sua, para você somente e você deve escolher o que vale mais.

Eu também buscava me motivar me inspirando com studygrans. Eu conheci uma menina, a Camila, e acabei virando amiga dela, o insta dela é @focoemserfera. Ela é do Nordeste e lá eles fazem um vestibular como se fosse o PAS daqui. Então, a gente se ajudava. Ache alguém que te inspire, ajuda muito. Também façam amizades com os professores de vocês, busquem a ajuda deles e levem isso para vida. É algo que me fez aprender muito.

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