Único Educacional Por Rebeca Cristina, em 22/05/2020
Análise da obra “Inclassificáveis”
“Inclassificáveis” é uma obra contemporânea que estimula reflexões acerca das rupturas ou permanências relativas à sociedade brasileira e aos movimentos sociais surgidos no século XIX.
O discurso musical também pode ser uma forma de crítica aos valores sociais e de classe. Isso pode ser observado nessa obra, cuja temática central é a formação do povo brasileiro e todo o significado de uma identidade marcada pela miscigenação.”
Engana-se o estudante que julga não necessitar do domínio das estruturas lógicas, por se dedicar ao conhecimento das humanidades, assim como também se engana o estudante de uma ciência exata que julga não necessitar do conhecimento de estruturas linguísticas. Portanto, todos os campos estão intrinsecamente interligados e são interdependentes para a realização de uma pesquisa acadêmica relevante para a sociedade. Nesse sentido, o intérprete Ney Matogrosso demonstra que os paradigmas presentes na sociedade não são suficientes para sua harmonia. Nossa sociedade historicamente jovem, formada pela imigração de diversas etnias. Na música, a influência da guitarra elétrica, marcante no rock´n roll, é justaposta a uma percussão de influência africana, causando, auditivamente, a mistura étnica que se concretizou no Brasil.
A música aborda a temática da diversidade e formação do povo brasileiro não se atendo à critérios tradicionais que são baseados nas matrizes brasileiras: indígenas, europeias e africanas. O compositor cria palavras (processo de neologismo) que representam a fusão de raças diversas para representar a mistura étnica que diante de tantas variações se torna inclassificável, como ressaltado na letra da canção.
Obra “Inclassificáveis”
Que preto, que branco, que índio o quê?
Que branco, que índio, que preto o quê?
Que índio, que preto, que branco o quê?
Que preto branco índio o quê?
Branco índio preto o quê?
Índio preto branco o quê?
Aqui somos mestiços mulatos
Cafuzos pardos mamelucos sararás
Crilouros guaranisseis e judárabes
Orientupis orientupis
Ameriquítalos luso nipo caboclos
Orientupis orientupis
Iberibárbaros indo ciganagôs
Somos o que somos
Inclassificáveis
Não tem um, tem dois
Não tem dois, tem três
Não tem lei, tem leis
Não tem vez, tem vezes
Não tem Deus, tem Deuses
Não há sol a sós
Aqui somos mestiços mulatos
Cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
Americarataís yorubárbaros
Somos o que somos
Inclassificáveis
Que preto, que branco, que índio o quê?
Que branco, que índio, que preto o quê?
Que índio, que preto, que branco o quê?
Não tem um, tem dois
Não tem dois, tem três
Não tem lei, tem leis
Não tem vez, tem vezes
Não tem deus, tem deuses
Não tem cor, tem cores
Não há sol a sósEgipciganos tupinamboclos
Yorubárbaros carataís
Caribocarijós orientapuias
Mamemulatos tropicaburés
Chibarrosados mesticigenados
Oxigenados debaixo do sol
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