Religando Elos

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Entrevistas / Único Educacional Por Helena Alves, em 19/06/2020

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https://drive.google.com/file/d/1jQKAFWZlyx9DLn7vA9G23iO7FYUqB_On/view

Folha Única (F1): O que é o ConexãoAfro? Qual o objetivo?

mel-colona

Mel Colonna (M): O projeto ConexãoAfro é um projeto que visa unir pessoas pretas do Distrito Federal e entorno. Infelizmente, assim como na época colonial, ainda hoje se faz de tudo para desunir pessoas pretas, para que não haja uma quebra do sistema. Então, o CA acredita que a partir do momento em que nos conectarmos e nos unirmos, vamos conseguir combater o racismo de forma mais efetiva.

F1: Como começou?

M: Começou em outubro de 2019, quando eu tive uma recaída emocional por ter muita informação e não poder compartilhar de forma mais efetiva com outra pessoas negras, e não fazer nenhuma mudança mesmo sabendo de todas as problemáticas. Fui ouvir música, e, quando ouvi a música AmarELO, do Emicida, me deu um “estalo” para todas as ideias. Então, me juntei com mais duas amigas pretas e fomos começar a ideia.

F1: Como vocês estão lidando com os efeitos da pandemia?

M: O ConexãoAfro está fazendo vários eventos virtuais internos para os seus membros (atualmente por volta de 80 a 86 membros), como debates, oficinas e atividades de socialização, para tentarmos de toda forma manter a saúde mental de nossos membros. E, claro, os trabalhos na mídia —para compartilhar informação com as pessoas de fora do projeto—, coordenados pela Lucianna Colonna, que tem feito um trabalho essencial nesse momento de pandemia. Estamos produzindo também podcasts semanais, que são uma maneira de entreter e levar conhecimento tanto para quem está dentro do projeto quanto quem está fora.

F1: Qual foi a maior conquista do projeto até agora?

M: A maior conquista? Bom acho que foi mais pessoas abraçarem o projeto; esse é nosso principal objetivo, então ver que as pessoas do DF já estão conhecendo o ConexãoAfro é de fato algo muito importante e que nos deixa com os olhos brilhando.

F1: Em que plataformas vocês trabalham?

M: Spotify com Podcast, YouTube, WhatsApp para trabalho interno dos integrantes, Trello para trabalho interno dos integrantes e, claro, o Instagram, uma das nossas principais redes de comunicação.

F1: Qual é o posição do projeto frente às manifestações e mobilizações online?

M: Sobre as manifestações presenciais, o CA é a favor da liberdade de expressão, porém é contra qualquer ato que prejudique de alguma forma nossa liberdade, como a manifestação que tivemos dos 300 da Sara Winter, que fazia apologia a movimentos racistas. Porém, o CA tem boa parte dos membros menores de idade e ainda vale constatar que estamos num momento de pandemia. Sobre mobilização online, ficamos felizes com essa conscientização. A propósito, ganhamos mais visibilidade esses últimos dias. Porém,  além do online, temos que começar a mudança principalmente nas nossas vidas, porque nós, pretos, fazemos toda essa militância, projetos e movimentos para permanecermos vivos. É mais que uma rede social, é compartilhar a nossa vivência.

F1: Como pessoas que não possuem o lugar de fala deveriam agir na situação atual?

M: Dando visibilidade e voz para pessoas negras. Quantas pessoas negras tem na sua empresa? Ou na sua escola? No seu grupo de amigos? No seu projeto? Somos 54% da população. Com certeza o que não falta são pessoas negras. Se for fazer um texto sobre algo que afetou a população negra, como morte de jovens negros, chame uma pessoa preta pra relatar isso, dê prioridade para pessoas pretas executarem coisas das lutas pretas. E, quando não tiver como falarmos, aponte o erro de pessoas brancas à sua volta, porque pessoas brancas escutam pessoas brancas. Em manifestações, protejam as pessoas pretas que sofrem mais com violência policial; quando alguém for vítima de racismo, se posicione; se vir alguém sendo seguido no shopping, questione! Não fique calado só achando um absurdo. Compre produtos de pessoas pretas, principalmente agora, na pandemia, quando somos quem mais sofre. Divulgue trabalhos, produtos e projetos.

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