No início da crise, vieram com uma “bala de prata”. Não havia NENHUM tipo de confirmação de que a cloroquina e a hidroxicloroquina surtiam algum efeito positivo sobre os doentes (ainda não há, inclusive), e, mesmo assim, apostaram tudo o que tinham nesse remédio supostamente milagroso. O problema aqui não é o remédio em si (apesar de pesquisas indicarem que ele pode causar graves efeitos colaterais); o problema maior é a postura do governo de dizer ao povo algo nas linhas de “como temos esse remédio, essa gripezinha não vai ser nada”. O chefe de Estado do nosso país diversas vezes minimizou a gravidade da doença, diversas vezes saiu em público sem máscara (inclusive quando ainda aguardava a contraprova de seu teste de covid), diversas vezes zombou dos mortos e se isentou da culpa. Minimizou a necessidade de isolamento social; pôs a importância maior na economia, ao invés de nas vidas; aproveitou o caos da pandemia para, segundo o Ministro do Meio Ambiente, “passar a boiada”. Porém, os números não deixam dúvida: o Brasil está imerso até o pescoço em uma crise sanitária que, por culpa da atitude do governo, não tem sequer perspectiva de terminar.
E mais: o governo, está há tempos sem um Ministro da Saúde em plena pandemia (e nem venha tentar me convencer que o Eduardo Pazuello agora é o Ministro; se Bolsonaro critica o diretor-geral da OMS, doutor em Saúde Comunitária e mestre em Imunologia de Doenças Infecciosas, por não ser médico, então o Pazuello, que não passa de um militar com nenhuma formação na área da Saúde, nunca será realmente o Ministro da Saúde do Brasil). Quando todos achavam que a situação não poderia ficar pior (afinal, todos já se acostumaram com os atentados à saúde pública semanais do ilustríssimo presidente), vem a bomba: agora o governo dificulta o acesso às informações da pandemia.
Começou com atrasos na divulgação do saldo diário de mortes e novos casos. Depois, um adiamento oficial da hora dessa divulgação. Segundo o governo, isso seria para garantir uma contagem mais acurada de casos. Porém, a atitude seguinte não deixa dúvidas de que a real motivação era prejudicar a divulgação dessas informações pela mídia, especialmente pelo Jornal Nacional da Globo.
Após dois dias de resultados liberados às 9h40, logo depois do fim do Jornal Nacional, o governo decidiu rever a estratégia. Afinal, esse tiro saiu pela culatra, pois um plantão da Globo no meio da novela Fina Estampa acabou criando muito mais alarde do que a simples divulgação dos números. Então, o governo decidiu fazer o quê? Omitir os dados. Sim, você (infelizmente) leu certo.
Não será mais divulgado o balanço total de casos e de mortes, nem as taxas de infecção, morte e letalidade, e também haverá uma recontagem das mortes, além de o portal com as informações consolidadas ter sido remodelado para focar nos número de recuperados. Segundo o governo, os números estariam “inflados” para aumentar o repasse de verbas aos governadores. Na verdade, estudos mostram o quão absurda é a subnotificação de casos e mortes no Brasil.
O governo falhou miseravelmente em conter essa pandemia. A América do Sul é agora o novo epicentro do vírus; mais de 1.000 mortes por dia se tornou algo comum; o Brasil agora é exemplo do que não se fazer em uma epidemia. E o governo Jair Bolsonaro agora tenta desesperadamente esconder o próprio fracasso em lidar com tudo isso.
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