Uma Forma Atípica de Ver o Mundo
Robia Rashid já escreveu brilhantes roteiros, podendo ser incluídos entre eles episódios das famosas séries “How I Met Your Mother” e “The Goldbergs”, mas sua última produção, “Atypical”, é a de maior destaque em sua carreira. Sendo criadora e produtora executiva, Rashid recebeu diversos prêmios por “Atypical”, como o Spotlight Award no AutFest 2018 e o Entertainment Angel Award pelo “The Miracle Project”, tudo graças ao ótimo trabalho feito no programa, que trata, dentre outros assuntos, do autismo.
A série da Netflix narra a história de Sam Gardner (Keir Gilchrist), um jovem de 18 anos, diagnosticado com TEA desde criança, e sua trajetória de amadurecimento agora no ensino médio. A série aborda os aspectos da vida familiar, a convivência de Sam com sua irmã Caisey (Brigette Lundy-Paine), sua mãe Elsa (Jennifer Jason Leigh) e seu pai Doug (Michael Rapaport), bem como as questões de cada um, seus conflitos e desejos. Um dos pontos principais da série é questionar o que é “normal” e mostrar que o autismo não torna ninguém inferior ou incapaz, muito pelo contrário, torna a pessoa capaz de fazer coisas incríveis, como saber todas as espécies de pinguim – que, nesse caso, especificamente, é o animal favorito do protagonista – e seus ciclos de vida completos por pura diversão. Pessoas no espectro têm interesses, aspirações profissionais e até mesmo sociais, vontades comuns como as de qualquer outro ser humano – de ter um emprego, amigos, uma namorada – , como também problemas e inseguranças. “Atypical” quebra muitos tabus e é incrível como traz de forma tão leve e natural esse tema tão pouco discutido. Mesmo com cenas de humor e uma narrativa simples, o programa televisivo traz importantes ensinamentos e até mesmo reflexões acerca da sociedade. Afinal, na teoria é fácil abraçar a diversidade, mas na prática o quão incluídas realmente estão as pessoas com necessidades especiais no nosso cotidiano e o quanto realmente sabemos sobre elas? A série traz esse ponto também e abre espaço para que todos aprendam mais sobre a comunidade autista, sem ser nas teorias complexas, apenas como esses indivíduos se comportam, pensam e vivem na vida prática cotidiana.
Logo, com episódios com média de 30 minutos, “Atypical” aborda diversas questões de forma muito dinâmica e simples, e, além de entretenimento, o espectador também adquire novos conhecimentos, principalmente acerca das pessoas no espectro autista, um tema que não é muito abordado. Leve, divertido e informativo: três palavras que descrevem bem essa série brilhante de Robia Rashid, que faz jus ao seu tremendo sucesso. Quem procura por algo novo para assistir na Netflix, “Atypical” é uma ótima opção.X
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