A educação como principal arma para a mudança: Freedom Writers

A educação como principal arma para a mudança: Freedom Writers

Resenha escrita por Luisa Ribeiro de Oliveira em 25 de abril de 2022


Publicado por Manuela Ferreira

A imagem mostra o poster do filme "Freedom Writters"
A importância de que histórias sejam contadas é explicada no filme “Freedom Writers”, baseado em fatos reais sobre gangues, violência e segregação racial. (imagem de imp awards)

“Freedom Writers” é um filme de destaque que merece não apenas ser assistido, mas também analisado por seus aspectos históricos e questões sociais abordadas. A obra se passa em Los Angeles quando a cidade era palco de diversas guerras de gangues e violência policial, a exemplo dos conflitos envolvendo o motorista negro Rodney King, o qual foi espancado violentamente pela polícia em 1991.

Em seu início, o filme mostra alunos de diferentes grupos étnicos que pertencem a gangues rivais, causando tumultos por serem obrigados a conviver juntos na sala de aula. No entanto, a chegada da professora Erin Gruwell, interpretada por Hilary Swank, muda a forma como eles percebem a presença de seus diferentes, principalmente a partir dos projetos que ela inicia. Gruwell acredita que todos merecem ter um bom nível de educação e escolheu dar aula na escola em específico pela proposta instituída pelo governo de inclusão de diferentes etnias. Apesar disso, a maioria dos educadores não está preocupada em oferecer uma educação de qualidade para todos, e os responsáveis pela escola se mostram desinteressados em ajudar nos estudos dos alunos que não pertencem à sala dos “melhores”, considerados mais inteligentes, a qual é majoritariamente composta por jovens brancos. Portanto, Gruwell precisa lutar sozinha para desenvolver o conhecimento de sua classe, sendo bastante compreensiva com a realidade de cada um e estando disposta a ajudá-los.

Ao passar dos dias letivos, a turma de Gruwell se identifica com alguns dos sentimentos de Anne Frank, vítima do holocausto, ao lerem “O Diário de Anne Frank”, que foi indicado pela professora. Desse modo, um dos projetos feitos pela educadora consistiu na escrita de um diário por cada aluno, em que eles poderiam detalhar até mesmo suas experiências mais traumáticas, descrevendo como é solitário viver em um mundo onde as diferenças são intensamente punidas. O filme foi baseado nesses diários e, além disso, seu título era o do grupo de escrita da sala, Freedom Writers, o qual foi inspirado no grupo de ativistas multirracial “Freedom Riders”.

Outro ponto importantíssimo durante o filme é a escrita, a qual faz os jovens refletirem sobre seus cotidianos. É através dela que eles conseguem realizar tantos projetos, incluindo o envio de cartas para importantes personalidades, permitindo grandes resultados. O ato de escrever também possui o relevante papel de conceder a liberdade para relatar a própria vivência, como dito no filme: “Todos têm a sua história e é importante que contem a sua, mesmo que para si mesmos”. Os estudantes fazem parte de minorias que nem sempre tiveram a oportunidade de contar a própria história, entretanto, essa oportunidade é dada a eles.

Além das realizações em sala de aula, o enredo do filme também revela a trajetória de vida pessoal dos personagens que estudam no centro educacional e como isso influenciou no seu comportamento social. A necessidade do sentimento de pertencimento que é trazido pela participação em uma gangue pode ser melhor compreendida durante a exibição das histórias vividas por cada um. Entre os passados revelados, o que possui maior destaque é da personagem latina interpretada por April Lee Hernández, Eva Benitez, a qual lida com injustiças feitas à sua família desde que tinha poucos anos de vida e precisou aprender rapidamente a sobreviver em uma cidade extremamente violenta.

Com o passar do tempo, Gruwell passa a conhecer de forma mais aprofundada seus alunos e acaba descobrindo que muitos deles não tiveram acesso ao conhecimento acerca de grandes eventos históricos; em vista disso, ela decide ensiná-los sobre essas matérias por meio da literatura. Ao serem dadas aulas informando sobre a história de grupos étnicos que sofreram ou ainda sofrem segregação racial, como os judeus nos campos de concentração, a violência dentro da sala de aula fica visivelmente menor e os estudantes começam a prestar mais respeito uns aos outros. A utilização da educação para mudar o dia a dia das pessoas, os deixando mais agradáveis e, consequentemente, tendo um grande impacto melhorando suas vidas e reduzindo conflitos é um tema central abordado em Freedom Writers.

A obra cinematográfica Freedom Writers, traduzida para o português como “Escritores da Liberdade”, está disponível no serviço de streaming Netflix com uma avaliação magnífica. O filme é inspirador e digno de ser apreciado em um final de semana com familiares ou amigos para a criação de um debate acerca dos temas. Por fim, lembre-se de relatar a sua história da forma que conseguir, seja escrita ou não.

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