Artigo de opinião por Ingrid Marques
Publicado por Giovanna Bernardes
foto da manifestação na Galeria Uffizi
Catástrofes, como o que aconteceu no Rio Grande do Sul, deixam um sentimento de apreensão na sociedade. Questionamentos como “o que as autoridades estão fazendo?” ou “o que a população em geral pode fazer para ajudar os indivíduos afetados?” começam a aparecer. Nessa conjuntura, aos poucos, a decepcionante realidade vem à tona: não se pode fazer muita coisa. Isso porque, quando se trata da crise climática, a qual potencializou as enchentes no estado gaúcho, trata-se de uma situação além do controle do povo comum, porém estimulada pela ação de um pequeno grupo de pessoas. Todo esse cenário de incerteza e pessimismo contribui para a Ecoansiedade que, conforme a Associação Americana de Psicologia (APA), é um “medo crônico da catástrofe ambiental”, isto é, a preocupação excessiva com o futuro da espécie humana no planeta Terra diante dos avanços da crise ambiental contemporânea. Esse termo, embora tenha ganhado notoriedade somente agora, já está presente em muitas áreas do cotidiano e aposto que você é afetado por ele sem nem perceber.
Ao dialogarmos sobre a ecoansiedade, é relevante entender que ela pode atingir qualquer pessoa, mas costuma afetar os indivíduos com mais consciência ecológica. Além disso, é bastante comum qua a pessoa culpe seus hábitos e planeje seu futuro com base no estado do planeta. Esse fato foi comprovado em um estudo realizado pelo laboratório americano Pew Research Center, que entrevistou pessoas que, voluntariamente, escolheram não ter filhos. Os dados da pesquisa mostraram que 5% dos entrevistados mencionaram preocupações com as mudanças climáticas. Essa escolha, a longo prazo, pode ter sérias consequências sobre a previdência e sobre a taxa da população economicamente ativa de um país. Entretanto, a pergunta que fica é: será que o aquecimento global pode ser resolvido com escolhas individuais, como a de não ter filhos? Segundo a ativista sueca Greta Thunberg: “Nossa civilização está sendo sacrificada pelo interesse de um pequeno grupo de pessoas em continuar recebendo enormes quantias de dinheiro”. Logo, a partir dessa perspectiva, é evidente que a responsabilidade pelo aumento da temperatura global não é da população, e sim das grandes corporações que utilizam combustíveis fósseis e que preservam seus interesses econômicos em detrimento da qualidade da vida humana.
Ademais, a ecoansiedade também impacta o âmbito político. Nesse sentido, vale lembrar do grupo Última Geração, que é um coletivo de ativistas ambientais conhecido pelos seus protestos inusitados contra as mudanças climáticas e que foi fundado na Alemanha, mas que, atualmente, atua em diversos países europeus. Em uma de suas manifestações, os membros entraram em um museu, em Florença e colaram suas mãos na obra “Primavera”, do pintor Sandro Botticelli, enquanto seguravam uma placa com os seguintes dizeres: “Última Geração, sem gás, sem carvão”. Apesar da atitude extrema dos ambientalistas, o objetivo de trazer atenção para o aquecimento global fez efeito e, acima de tudo, mostra até que ponto eles estão dispostos a ir para protestar por mudanças significativas. De maneira mais branda, no Brasil, muitas pessoas, especialmente jovens, na última eleição, enxergaram na política brasileira uma forma de melhorar a situação do país. Nessa perspectiva, o Brasil bateu o recorde no cadastro eleitoral de jovens, ganhando mais de 2 milhões de novos eleitores, de acordo com os dados obtidos a partir da página de estatísticas eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso evidencia o senso de urgência da juventude contemporânea em lutar para melhorar o mundo no qual vivem, seja por meio de manifestações, seja por meio da política tradicional.
Portanto, é notável que a ecoansiedade, apesar de ser um termo pouco conhecido, impacta ativamente a vida do corpo civil, o qual tem lidado com casos de desastres ambientais gradativamente mais frequentes. O importante é identificar o problema e suas causas para, assim, agir. Mudar seus hábitos e regular o consumo de notícias sobre o meio ambiente pode ser uma alternativa para aliviar esse nervosismo. Todavia, um método que pode ajudar bastante é aliar-se a movimentos sociais que procuram propor mudanças viáveis para conter o aquecimento global e sempre se lembrar de que enfrentar a crise ambiental vai além de uma escolha pessoal; é um dever, enquanto cidadão, garantir um futuro para as próximas gerações.
Pressão e Perfeição: A crítica à obsessão estética em A SubstânciaResenha por Maria Clara Machado…
Ciclone extratropical chega ao Brasil com alto risco de tempestadesNotícia por Tatiane Gomes em 31…
Mulherzinhas: um retrato força femininaResenha por Sara Eduardo em 31 de outubro de 2024 Publicado…
Victoria Secrets Fashion Show 2024Reportagem por Letícia Cerqueira em 18 de outubro de 2024 Publicado…
Caso Diddy: entenda tudo que envolve a prisão do rapper americano.Reportagem por Bernardo Versiani em…
As melhores de 2024 (até agora)Resenha por Isadora Macário em 24 de outubro de 2024…
Utilizamos cookies
Entenda como utilizamos