Artigo de opinião por Sara Brito em 1° de outubro de 2024
Publicado por João Otávio Marquez
A Umbanda é uma religião que se consolidou no Brasil no início do século XX, mais precisamente em 1908, a partir das manifestações mediúnicas de Zélio Fernandino de Moraes, em Niterói, Rio de Janeiro. Ela é uma fusão de elementos da religião africana dos povos Iorubás, do catolicismo, do espiritismo kardecista e de tradições indígenas. Compreender a Umbanda é entender um ato de resistência e sincretismo frente às imposições religiosas e culturais da sociedade da época. Desde o seu surgimento, a religião enfrentou perseguições, sendo frequentemente demonizada e considerada inferior. No entanto, a Umbanda oferece um refúgio para aqueles que buscam se tornar pessoas melhores. Seus fundamentos se baseiam na caridade, na fraternidade e na evolução espiritual. O princípio fundamental da Umbanda é a melhoria pessoal através do auxílio ao próximo. Compreender essa religião é afastar-se dos preconceitos e reconhecer que os orixás, caboclos e guias espirituais são intermediários que aproximam os praticantes da evolução espiritual. A Umbanda ensina que devemos sempre buscar o bem e que nossos guias estão aqui para nos orientar no caminho da evolução pessoal e da conexão com o Criador.
Nessa perspectiva, acreditamos que a evolução é conquistada dia a dia, ao nos reconhecermos melhores, ao praticarmos a paciência e a empatia com os outros. Participar dessa religião é entender que, assim como em todas as outras, há altos e baixos, e que a fé será restaurada, testada e fortalecida. Assim, por exemplo, é comum ouvir dos povos ciganos que seus guias acompanharão sua jornada e guiarão seus caminhos, essa também é uma prática na Umbanda. No entanto, estar na Umbanda não significa conquistar tudo o que se deseja ou dominar o mundo, mas sim reconhecer o seu valor no mundo, isto é, significa entender que seus guias te protegem e cuidam de você, que ficam orgulhosos quando você trilha o caminho certo, mas não hesitam em repreendê-lo quando você está errado. Estar na Umbanda é compreender que os guias podem até machucar seu coração para salvar sua alma. Assim, participar dessa religião é compreender que ninguém nasce genuinamente bom, mas que o bem é construído com amor e respeito. Nas religiões de matriz africana, especialmente, na Umbanda, o bem é formado pela cura de Obaluaê (ou Omolu, orixá da cura e da saúde), pelas águas salgadas de Iemanjá (orixá das águas do mar, mãe de todos os orixás, associada à maternidade e à proteção), e pelas águas doces de Oxum (orixá dos rios e das águas doces, deusa da fertilidade, do amor e da prosperidade). Tal ação Inclui também a força e a justiça de Xangô (orixá dos trovões e da equidade), a coragem e o trabalho de Ogum (orixá do ferro e da guerra), a liberdade e a transformação de Iansã (orixá dos ventos e tempestades), a espiritualidade e a sabedoria de Oxalá (orixá criador e da paz), e a conexão com a natureza e a abundância de Oxóssi (orixá da caça e das florestas). Além da energia vibrante de Ibeji (orixás das crianças e da dualidade) a qual também é fundamental para as boas ações, assim como Nanã (orixá da lama e das transformações), que simboliza a sabedoria ancestral e a renovação. Na Umbanda é princípio fundamental que a vida seja vivida com leveza, com o riso e a alegria dos erês (espíritos de crianças que representam a pureza e a felicidade). Dessa maneira, entendemos que os guias e os orixás ensinam o amor próprio e o reconhecimento da dádiva que é viver.
Enfim, a Umbanda se revela como um caminho profundo de auto descoberta e crescimento, nela os orixás e os guias demonstram um cuidado sincero e constante com seus praticantes, de modo que, em lugar de se de ser uma crença demonizada, a Umbanda deve ser respeitada e reconhecida como uma fonte de transformação e aprimoramento pessoal. Assim, os guias e os orixás oferecem suporte e inspiração, ajudando seus devotos a enfrentarem as adversidades com coragem, para que se tornem dignos de seu orgulho. Estar na Umbanda é encontrar alegria nas coisas cotidianas e valorizar o que é simples antes de aspirar o sofisticado. Logo, a religião umbandista ensina que a verdadeira felicidade vem do ato de viver plenamente e de estar em harmonia com o próprio espírito, pois “na simplicidade da vida, encontramos a grandeza da alma.”
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