A proteção dos povos indígenas em tempos de pandemia
Artigo de Opinião por Mariana Nascimento Pinheiro em 05/11/2020
Atualmente, com a pandemia do covid-19, os povos indígenas vêm se isolando em suas ocas e evitando o contato coletivo com todos os outros índios da mesma tribo, contudo, mesmo com todo esse cuidado, o vírus acabou se infiltrando em algumas aldeias, onde foram registrados 71 óbitos e 308 casos de infecções confirmadas, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai). Em pouco mais de uma semana foram constatados 49 óbitos de parentes, chegando a uma média de 4 mortes de indígenas por dia.
Com um território indígena muito extenso, várias atividades ilegais são praticadas por lá; tais como: garimpo, comercialização de ouro, extração e contrabando de madeira de lei. Tudo isso, de uma forma ou de outra, acaba contribuindo para a disseminação do Covid-19, que cada vez mais adentra o centro do país. Então, ao meu ver, se algo não for feito urgentemente, a população indígena no Brasil se extinguirá, perdendo contato com os nossos antecedentes.
O hábito dos indígenas brasileiros mudou radicalmente. Muitos índios mais jovens frequentam universidades e foram passar esse período de quarentena junto aos familiares nas aldeias e outros tantos índios, que iam até as cidades mais próximas comprar mantimentos e sacar dinheiro nos bancos, também abandonaram este hábito, praticamente voltaram a plantar e a caçar para comer, vivendo como seus antepassados.
As aldeias do país não estão equipadas e os funcionários da Funai também não estão preparados para tratar o Covid-19. Por esses motivos é necessário e urgente que o país feche os garimpos, acabe com a comercialização de ouro em pequenos lugarejos próximos às aldeias, fiscalize e multe de forma altíssima os contrabandistas de madeira de lei, assim como os caçadores de animais exóticos. Também é importante equipar os agentes da Funai de maneira adequada, para que eles possam ir de aldeia em aldeia, dando as orientações necessárias para que a população dos índios fique segura e protegida do novo coronavírus, até que esteja disponível a tão esperada vacina.