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Coragem de falar

Coragem de falar

Entrevista por Bianca Miranda Soares em 22 de setembro de 2022


Publicado por André Guerino

Como você se descreveria? Não faltariam palavras positivas ou começaria uma enumeração das coisas que não gosta em sua aparência e personalidade? De modo simples, isso é a autoestima, ou a falta dela. Segundo o dicionário, a palavra significa: “Qualidade de quem se valoriza, está satisfeito com seu modo de ser, com sua forma de pensar ou com sua aparência física, expressando confiança em suas ações e opiniões.” 

Se atendo apenas ao conceito, muitas pessoas podem afirmar que problemas de autoestima não passam de “frescura”, mas isso não passa de uma falácia. Então, para desmistificar isso, é importante dar voz a quem sofre com essa problemática e quem tem uma visão científica da situação.   

G.S, 17 anos

Como enxerga sua autoestima?

Acho que ela está em um nível aceitável, bem melhor do que antes, com certeza. Agora ela não me limita tanto.

Como a  falta de autoestima te limitava no cotidiano?

Os defeitos que via em minha aparência não me deixavam pensar em mais nada. Eu me sentia tão insegura que deixei de sair de casa porque não suportava a ideia de que me vissem daquele jeito.

Como esse problema começou?

Acho difícil determinar um momento exato, mas posso dizer que foi com o começo da adolescência. Antes, minha aparência não me importava, mas de um momento para o outro, se tornou muito importante. 

Enquanto passava por essa situação, teve alguma rede de apoio?

Não posso dizer que fiquei desamparada. Minha família me dava suporte, mas às vezes, não me sentia muito compreendida. Acontece que, para quem está de fora, a situação parece simples. “Não é tão ruim assim” ou “Pare de pensar nisso” é o que dizem, mas quando você está no olho do furacão, é difícil pensar racionalmente e simplesmente ignorar o que te incomoda.

 Por fim, acha que superou tudo isso?

Queria dizer que sim, mas sei que não é verdade. Ainda tenho as mesmas inseguranças com a minha aparência, só que agora são mais fáceis de lidar.

M.T, 17 anos 

Como enxerga sua autoestima?

Como em todos os adolescentes é cheia de altos e baixos. A nossa mente é bem sensível, principalmente quando estamos em um meio muito crítico.

Como isso afeta o seu cotidiano?

As relações são as mais afetadas. Às vezes, por não gostarmos de nós mesmos, nasce uma insegurança muito grande em torno do que os outros pensam sobre nós, nossa personalidade e aparência.

Você tem alguma rede de apoio?

Não, geralmente não discuto esses problemas com ninguém.

Como acha que as pessoas reagiriam caso falasse sobre seus sentimentos?

Até acho que se sensibilizariam, mas não passaria disso. Vivemos em um mundo em que as pessoas não costumam se preocupar muito com os outros, então não acho que muita coisa seria feita. 

Andrea Regis, psicóloga 

Qual o público mais afetado com a falta de autoestima?

Pela minha experiência, diria que são mulheres jovens, na adolescência e no começo da fase adulta.

Por que isso ocorre?

É um período de transformações no corpo e na mente, e atualmente, com a alta exposição à mídia, os jovens ficam mais suscetíveis a tentar entrar nos padrões que são representados nos meios de comunicação.

Existe algum ponto de virada em que uma simples insegurança pode se tornar um sério problema de autoestima?

Na verdade, não. Toda insegurança merece atenção, já que é aos poucos que um problema sério é desenvolvido. Um comentário acerca da aparência ou algo assim, pode desencadear um julgamento excessivo a respeito de si próprio e “defeitos” passam a ser mais evidentes.

Qual seria o seu conselho para alguém que está sofrendo com algum problema desse tipo?

Cada caso é um caso, mas buscar uma rede de apoio é imprescindível, seja em meio a amigos ou na família. Depois, o importante é ter coragem de falar sobre o problema, compartilhar como se sente. Nesse caso, a terapia é uma boa alternativa, já que é um processo profundo de autoconhecimento.

É possível ver que a autoestima é um assunto seríssimo, e sua falta pode afetar seriamente a vida dos indivíduos. Sendo assim, é importante que sejamos receptivos e acessíveis. Não é possível resolver os problemas de outros, mas podemos ajudar a tornar toda a experiência menos dolorosa. E, caso sinta algo, fale! Não há vergonha em se sentir mal a respeito de sua aparência ou personalidade e falar sobre isso é um ato de coragem. Sejamos corajosos!

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Bianca Miranda Soares

Desde que me entendo por gente, sempre amei ler e escrever, por isso me empolguei com a Folha Única, já que seria uma oportunidade de cultivar e praticar esses hábitos. Além da escrita e leitura, a música também ocupa grande parte do meu tempo livre, seja ouvindo minhas bandas favoritas, seja tocando violino. Também sou apaixonada por cinema e adoro passar horas assistindo filmes ou pesquisando sobre seus detalhes técnicos. No fim das contas, amo a arte e tudo aquilo que ela pode nos oferecer.

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